Ação nacional

Operação no Paraná e outros estados mira empresas suspeitas de desviar metanol

Operação contra desvio de metanol
Foto: Receita Federal/Divulgação

Empresas localizadas nos municípios de Colombo e Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e em Paranaguá, no Litoral do Paraná, foram alvos de uma operação da Receita Federal nesta quinta-feira (16/10). Conforme detalha a corporação, a ação foi nacional e coletou amostras de metanol em 24 empresas atuantes do setor sucroalcooleiro, importadores e distribuidores de metano, em 21 cidades de cinco estados do país.

Além do Paraná, a operação foi realizada no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo. De acordo com a Receita Federal, o objetivo é fazer análises químicas que identifiquem a procedência do metanol para compará-las com as obtidas em bebidas falsificadas apreendidas.

As empresas selecionadas para as coletas de elementos e amostras foram escolhidas com base no potencial envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até a possível destinação irregular. Entre os alvos estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.

Investigação mira começo do esquema

A Receita Federal afirma que os importadores são responsáveis pela entrada do metanol no país, utilizando-o em processos produtivos e revendendo o produto para empresas químicas.

Nos terminais marítimos, empresas movimentam volumes expressivos de metanol, que permanecem nesses locais até serem encaminhados às unidades fabris ou aos clientes finais. Quando há vendas a terceiros, os produtos são despachados diretamente dos terminais ao destino.

As empresas químicas adquirem o metanol de importadores para uso industrial ou para revenda a outras indústrias químicas. Indícios consistentes apurados pela corporação apontam que algumas delas desviaram parte do produto, retirando-o indevidamente da cadeia regular de produção.

As destilarias investigadas, por sua vez, teriam adquirido metanol por meio de empresas conhecidas como “noteiras”. As notas fiscais indicavam caminhões e motoristas que nunca chegaram aos destinos informados, sugerindo uma possível fraude documental.

As usinas, produtoras e distribuidoras de etanol anidro e hidratado, também estão sendo verificadas por atuação em pontos estratégicos da cadeia, fundamentais para rastrear eventuais lotes adulterados ou irregularidades na destinação do produto.

Risco do metanol

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em bebidas alcoólicas o metanol deve estar presente em níveis inferiores a 0,1%. Considerando que se trata de uma substância altamente tóxica, mesmo o percentual máximo de 0,5% permitido em combustíveis já seria suficiente para causar graves danos à saúde. Por esse motivo, é proibido o uso de combustíveis na fabricação de bebidas alcoólicas.

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) está investigando a primeira morte suspeita de intoxicação por metanol no estado. Na terça-feira (14/10), um homem de 59 anos deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Foz do Iguaçu, na Região Oeste do Paraná. No mesmo dia, o quadro clínico do paciente evoluiu para a morte.

Até o momento, o Paraná conta com quatro casos de intoxicação por metanol confirmados, todos registrados em Curitiba. Desses, dois pacientes, de 71 e 36 anos, já receberam alta hospitalar. Os outros dois pacientes permanecem internados na capital: uma mulher de 41 anos, cujo estado é considerado grave, mas estável, e um homem de 60 anos, que permanece estável e apresenta melhoras progressivas.

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