Moradores do bairro Cachoeira, em Curitiba, estão espantados com o aumento no valor da conta de água deste mês. Em alguns casos, o valor chegou a ter um aumento de quase 300%. O caso acontece com casas de um conjunto habitacional, na zona norte de Curitiba. A mesma situação já havia acontecido com moradores de outro bairro bem distante, o Jardim das Américas.

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O bairro, inclusive, sofreu com a falta de água alguns dias por conta do rodízio que está sendo feito por conta do desabastecimento, já que Curitiba enfrenta a pior seca dos últimos 23 anos. Segundo o síndico do condomínio, 15 moradores relataram um aumento de pelo menos o dobro do valor na conta de água, sem que houvesse tamanho consumo.

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“Entramos em contato com a Sanepar e estou aguardando resposta. Temos 144 casas aqui e tivemos esse problema com várias. O que eu quero é que seja feita uma reavaliação do hidrômetro, para que os moradores tenham uma justificativa plausível da cobrança. Até porque todos no condomínio estão economizando água por conta da seca”, afirma o síndico Jony Almeida.

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A servidora pública, Juliana Ribas, 41 anos, mora apenas com o filho de 10 anos. Ela levou um susto ao receber a fatura, que tinha média de R$ 100 por mês e consumo de 11 m³, mas veio no valor de R$ 294 e consumo de 27 m³. “Em janeiro, quando recebi cinco visitas, a conta veio R$ 172. Foi o máximo que gastei. Agora, eu e uma criança, estamos gastando quase R$ 300? Só se eu deixar a torneira aberta o dia todo”, reclama a moradora. “Estou trabalhando em casa desde março, e por mais tenha um aumento natural, não justifica esse valor”, afirma Ribas.

O mesmo acontece com o comerciante Patrick Alencar, 41 anos. “Minha conta normalmente é R$ 140 e agora veio R$ 310. Mas não faz sentido. Não estou lavando calçada, nem o carro. Não dá pra entender. Quando chegou a conta fiquei desesperado, até porque eu tenho um comércio em uma galeria no centro e estou sem abrir a loja faz 60 dias”, lamenta Alencar, que mora com a esposa e dois filhos pequenos.

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A professora Daniela Ogliari, 45 anos, relata que a conta saltou de R$ 254 para R$ 557. “Não há motivo. Tudo bem haver um aumento do consumo de água porque as pessoas estão ficando mais em casa, mas os valores são muito altos. Nós somos em quatro pessoas na casa, mas estamos buscando economizar água. Não sei o que aconteceu”, explica, ela que reside com o marido e dois filhos.

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Os demais moradores que fizeram contato com a Tribuna do Paraná relataram problema semelhante. Também no bairro Cachoeira, outro conjunto de casas relatou problemas na conta, mas a questão já está sendo resolvida pela Sanepar. No final de abril, moradores do Jardim das Américas apresentaram o mesmo problema.

A advogada do Sindicato de Habitação e Condomínios (Secovi-PR), Juliana Vieira, avalia que até o momento este problema é pontual, já que não houve pedidos jurídicos nos condomínios na região de Curitiba no último mês. “Muitas vezes os condomínios conseguem resolver diretamente com a Sanepar. Mas isso não impede que tenhamos problemas no futuro”, afirma a representante do Secovi.

Resposta da Sanepar

A Tribuna do Paraná questionou a Sanepar sobre a reclamação dos moradores. A explicação da empresa é que por conta da pandemia, na última semana de março, foi feita leitura pela média dos últimos 5 meses, o que pode ter causado distorção na conta deste mês. Nesses casos, a Sanepar faz a retificação.

“Com relação ao consumo da cliente Juliana. Na conta de março/abril, foi cobrado valor de consumo de 11 m³ – com leitura pela média dos últimos 5 meses. Na conta de abril/maio, foi cobrado valor de consumo de 27 m³. A cliente afirmou que passou a trabalhar em casa desde 9 de março. A leitura foi feita em 1.o de abril (pela média). Então, o que acontece: Se a pessoa intensificou os hábitos de limpeza e está mais tempo em casa, passa a consumir mais água e, portanto, a leitura pela média não vai registrar o consumo real. Essa diferença vem na conta do mês seguinte, quando for feita a leitura presencial”, explicou a Sanepar via assessoria.

“Quando o cliente procura a Sanepar relatando que o aumento foi exagerado – e foi feita leitura pela média -, a Sanepar tem feito a seguinte retificação: soma os dois volumes de água. No caso da Juliana: 11 + 27 = 38. Divide por dois = 19, e retifica as duas contas, passando a ser de 19 m³ cada, o que dá um valor menor, uma vez que, conforme vai aumentando o consumo, aumenta o valor do metro cúbico. No caso da Juliana, como ela já havia pagado os 11 m³, agora ela pagaria 19 m³ (na segunda conta), e a diferença de 8 m³ seria cobrada no próximo mês”, prossegue a explicação.

Após o conato da Tribuna com a Sanepar, a empresa procurou a moradora Juliana Ribas e síndico o condomínio para solucionar o problema e, se for necessário, realizar a retificação das contas.

Para reclamações e informações, a Sanepar atende os usuários através do e-mail curitibarmc@sanepar.com.br ou pelo telefone 0800-200-0115. Os usuários ouvidos pela reportagem relataram maior facilidade de contato por e-mail.


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