Gigantes da cidade!

Megaestruturas de Curitiba: os segredos dos arranha-céus

Edifício Casa Milano em fase de finalização. Foto: Divulgação/Edinaldo Bachega e Nê Almeida Dias.

Você já passou por um arranha-céus e se perguntou o que sustenta tamanha construção? Curitiba tem cerca de 40 edifícios com mais de 100 metros de altura. Quem passa pelo Centro ou em bairros próximos ao Parque Barigui pode observar a grandiosidade desses empreendimentos.

Apesar do impacto visual se destacar até mesmo diante de olhares leigos, os arranha-céus exigem soluções tecnológicas avançadas, planejamento minucioso e materiais de alta performance para resistirem a diferentes fatores ao longo do tempo. Roberto Thá, CEO da Thá Engenharia, explica que, em construções desse porte, as fundações são profundas e podem chegar a mais de 30 metros abaixo do nível do solo, garantindo estabilidade e segurança para suportar toda a estrutura.

“O desafio de construir em altura está justamente em equilibrar o peso da estrutura, o tipo de fundação e os movimentos naturais da cidade ao redor. Tudo precisa ser pensado para garantir a integridade da obra, a segurança dos usuários e a durabilidade do empreendimento”, explica.

Um ponto muito importante trabalhado por profissionais da área é o cálculo do efeito do vento. Segundo Roberto, quanto mais alto o edifício, maior a exposição às correntes de ar, por isso, a estrutura é projetada para suportar esses movimentos e dissipar a força dos ventos de forma controlada e imperceptível para quem está dentro do prédio.

É por isso que, para garantir estabilidade e resistência, os projetos passam por testes importantíssimos, como: ensaios em túnel de vento e por simulações em softwares específicos, que calculam o comportamento da estrutura frente às correntes de ar que atingem as grandes alturas.

>> Obra do prédio mais alto de Curitiba avança; Veja detalhes da construção gigantesca

Em Curitiba, os dois projetos mais altos ilustram bem o processo de planejamento da engenharia de alto padrão: o Universe Life Square, com 150 metros, e o Evolution Towers, com 137 metros de altura. Recentemente, a Thá Engenharia começou a construção de um novo arranha-céus que promete se tornar o mais alto da capital: OÁS, residencial de mais de 170 metros de altura.

De acordo com Gilberto Kaminski, diretor da Thá Engenharia, na construção do Universe Life Square foram utilizadas estacas com 1,50 metro de diâmetro e 15 metros de profundidade, sendo oito metros cravados em rocha. Já no OÁS, as estacas foram ainda mais robustas: 1,60 metro de diâmetro e 25 metros de profundidade, com cinco metros fixados em rocha. O objetivo é garantir segurança para os 50 andares projetados.

“Quando se pensa na fundação de um edifício, imagina-se que ela seja feita para suportar o seu peso. No caso do Universe, a fundação encravada na rocha deve, como a principal função, funcionar como se fosse um ‘parabolt’ que impede o edifício de tombar, uma vez que a força exercida pelo vento é maior do que o peso do prédio”, destaca.

Os desafios por trás dos arranha-céus

Erguer prédios tão altos não envolve apenas técnica e resistência estrutural. O dia a dia no canteiro de obras traz desafios extras que exigem planejamento e soluções inteligentes. Tudo começa ainda no processo de escavação, que precisa ser realizada em grandes profundidades, com equipamentos específicos e processos rigorosos para garantir a segurança e a precisão do trabalho.

Outro ponto crítico levantado por profissionais da área é a chamada logística vertical. Transportar materiais até os andares superiores de um edifício com mais de 150 metros requer gruas e elevadores de alta velocidade, que acompanham o ritmo intenso das obras e garantem a produtividade sem comprometer a segurança dos profissionais.

“Mais do que superar os desafios técnicos e logísticos, construir em altura significa integrar engenharia, planejamento urbano e preocupação com o entorno”, explica Ronerto.

Para Roberto Thá, cada prédio desse porte que se ergue não muda apenas a paisagem da cidade, como também transforma a dinâmica de uso do espaço e o relacionamento das pessoas com o ambiente ao redor. Até porque, não tem como passar por um arranha-céus e não notar a sua presença.

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