Terra para quem trabalha, comida para quem tem fome. Esse é o lema do Marmitas da Terra, um projeto social de Curitiba, criado em 2020, que celebra neste sábado (06) cinco anos de história com muita festa, solidariedade e, claro, comida boa.

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Barbara Barreto, mestranda em antropologia e atual secretária do projeto, relembra que o Marmitas da Terra surgiu diante de um dilema vivido anos atrás, durante a pandemia de Covid-19. Enquanto alguns se perguntavam quando voltariam à vida social normal, outros se questionavam até quando teriam comida para sobreviver.

Pensando nisso, voluntários da capital se reuniram com o foco em diminuir a fome de pessoas em situação de vulnerabilidade. Para isso, Barbara conta que, através de uma parceria com o Assentamento Contestado, do Movimento Sem Terra (MST) Paraná, localizado na Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba, o projeto passou a distribuir marmitas solidárias.

“Lá eles têm uma escola de agroecologia e têm alguns terrenos que eles plantam comida mesmo. Então, a gente começou a desenvolver mutirões para plantar e colher esses alimentos e, depois, prepararmos as refeições e distribui-las”, conta.

Barbara em um dia de mutirão Foto: Larissa Urquiza
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De acordo com Barbara, apesar do caos que foi, principalmente, o início da pandemia, o projeto se organizava da seguinte maneira: no sábado de manhã, os voluntários saiam de Curitiba, chegavam no assentamento, colhiam e plantavam. No domingo, a equipe começava o pré-preparo das marmitas. Na segunda e na terça, as refeições eram preparadas e distribuídas.

O cuidado com o modo que as marmitas eram preparadas sempre foi uma questão encarada com seriedade pelo projeto. Segundo Barbara, o objetivo sempre foi o de nutrir e não só matar a fome.

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“A gente tentava, de alguma maneira, suprir uma alimentação saudável para essas pessoas. Não era só fazer um macarrão para matar a fome. A gente sempre pensou em nutrição mesmo. Uma marmita que, além de encher a barriga de quem estava com fome, pudesse nutrir realmente, com segurança”, explica.

Novo propósito

Nesses cinco anos, mais de 200 mil marmitas solidárias já foram distribuídas através do projeto. Para Barbara, ver que a pandemia chegou ao fim, mas o projeto não, demonstra que a união de pessoas com um mesmo propósito tem força. “A gente queria ajudar, mas também precisava de um certo amparo pessoal naquele momento e foi fazendo o bem para os outros que nos amparamos”, explica.

Mais de 200 mil marmitas solidárias já foram distribuídas através do projeto Foto: Larissa Urquiza

Como todo fim exige um recomeço, Barbara explica que com o fim da pandemia o projeto buscou atuar de novas maneiras. Atualmente, o Marmitas da Terra realiza dois mutirões por mês e, neles, ocorre a distribuição de alimentos colhidos pelos próprios voluntários para cozinhas solidárias. Além disso, hoje, um dos propósitos defendidos pelo projeto é o de levar mais conhecimento para dentro das periferias através de cursos e palestras.

Entre as comunidades atendidas atualmente pelo Marmitas da Terra, estão: Nova Esperança, 29 de janeiro, Vila União e Portelinha, todas em Curitiba.

Projeto de alto valor

Um projeto com tamanho valor, necessita de recursos para continuar existindo. Barbara conta que, atualmente, o Marmitas da Terra sobrevive através de editais públicos, doações e eventos, como o que será realizado neste fim de semana.

No sábado (06), o projeto irá celebrar os cinco anos de história com o Festival Comida no Prato. Com uma programação variada para todos os públicos, entre os destaques da festa está a feijoada solidária, que estará a venda a partir de R$ 25.

O festival ocorre das 9h às 21h, na praça João Cândido, no Largo da Ordem, no Centro de Curitiba, com entrada gratuita.