No dia do aniversário de um ano da operação do ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão, já é possível dizer que os principais medos e preocupações dos moradores do entorno da praça, localizada no Batel, não se concretizaram. Aliás, um passeio pelo local revela um cenário parecido com o que havia um ano atrás, com cachorros correndo, crianças passeando com pais e avós, pessoas praticando exercícios físicos e, nas manhãs de quinta-feira, uma feira de orgânicos.

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“Tínhamos medo que acabassem fazendo um terminal de ônibus na praça e que isso prejudicasse o acesso da vizinhança. Isso não aconteceu. Então estamos felizes”, diz cartorária aposentada Aray Gracia, que, antes do início das obras, organizou um abaixo-assinado online contra as alterações na praça e a passagem da linha por ali. Além da instalação de um terminal no local, importante ponto turístico da cidade, os moradores temiam a descaracterização da praça, com mudanças como a retirada de árvores ou lagos, e a dificuldade de acesso para pedestres, principalmente idosos e crianças.

O desagrado com as alterações foi tanto que, além do abaixo-assinado, que teve mais de 4 mil apoiadores, os moradores instalaram faixas com os dizeres “SOS Praça do Japão” em um dos prédio do entorno da praça e, por meio do Conselho de Segurança do Batel (Conseg-Batel), entraram com uma ação no Ministério Público do Paraná pedindo a abertura de uma ação civil pública para garantir que qualquer alteração na praça só fosse feita mediante aprovação em audiência pública.

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Além disso, um abraço simbólico foi dado no local e, quando as obras foram iniciadas, houve bate-boca entre moradores e a Guarda Municipal. A reação dos moradores provocou críticas do prefeito Rafael Greca, que diminuiu o movimento dizendo que “umas quatro ou cinco madames” estavam bravas com ele, mas que a cidade estava adorando a novidade.

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Um ano depois das trocas de farpas, parte dos frequentadores da praça se mostra muito mais receptivo às novidades, reiterando a opinião de Aray. “Não interferiu na praça, no fim das contas. Pensei que seria mais perigoso, que teria mais trânsito, mas não”, afirma a advogada Christiane Bruschi, que mora na região há 30 anos. “Eu também não reclamo: quando pego o ônibus para vir do Centro, acho ótimo”, destaca. Para a fonoaudióloga Luciane Correa, as mudanças também não fizeram diferença para quem frequenta o local. “Eu até solto meu cachorro da coleira”, conta.

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Quem usa o transporte coletivo também demonstra satisfação com o Ligeirão. A vendedora Patrícia Passos, que trabalha na região da praça há dois meses, tanto prefere a linha mais rápida à convencional que, mesmo podendo usar qualquer uma delas, fica esperando o Ligeirão no terminal. “Eu venho de Colombo, pego o ônibus no Santa Cândida e gasto metade do tempo do que com a outra linha. É a melhor opção que tem”, avalia.

O gestor Marcos Soares conta que utiliza o ônibus que vier antes, mas reconhece as vantagens do Ligeirão. “Hoje conta muito chegar rápido em casa ou no trabalho. Se para mim, que moro perto, já ajuda muito, imagine para quem faz o trajeto inteiro”, diz.

A avaliação do prefeito Rafael Greca sobre a operação e a situação da praça também é positiva. “É um êxito. As vozes dissonantes se calaram e ainda ganharam uma escultura da Tomie Ohtake para se lembrarem do vermelho de sua perpétua vergonha de serem contra a povo trabalhador”, diz.

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Reclamações

Na prática, porém, ainda há os que se declaram insatisfeitos com a passagem do ônibus pelo lado da praça. “Olha, não gostamos do ônibus, porque é perigoso. Tem motorista que vem lentamente, mas tem motorista que passa bem rápido. E faltou uma faixa de pedestres na curva [em frente a um hotel]. Mas disseram que é temporário, né?”, diz a aposentada Fátima Oliveira, moradora da região há 31 anos.

Já Dulce Maria, que mora na região há cinco anos, tem uma lista de reclamações relacionadas à passagem dos ônibus pela praça. “Com o ônibus, aumentou a poeira nos apartamentos, o barulho é incômodo e a rua se tornou difícil para atravessar. Nos disseram que era provisório e queremos saber quando ele vai tirar o ônibus dali”, diz.

Ela também acredita que a escultura instalada na praça descaracteriza o local. “Ninguém entende aquilo. A pessoa comum não entende a intenção da artista plástica”, reclama.

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