Nas alturas!

Leite a R$ 4, R$ 5 em Curitiba. Saiba o motivo e como achar o produto mais barato

Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná.

Quem vai às compras em Curitiba pode reparar que o preço do leite vem subindo nas prateleiras dos supermercados. Uma caixinha de um litro chega a custar quase R$ 5, dependendo da marca e do modelo de leite, se integral, semidesnatado, desnatado ou sem lactose. Os pacotes de um litro também não escapam da variação preços, independente da marca. Mas a alta não ocorre só na capital.

Em todo o estado, segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), a diferença se verifica nos principais produtos do setor de laticínios e está ligada ao aumento na demanda em relação à oferta nos últimos meses. O isolamento social da pandemia de coronavírus (covid-19) é um dos fatores que interfere, com o aumento do consumo em um momento de baixa produção. “Outros pontos ligados ao ciclo produtivo, como custos de produção recordes, também favorecem a alta, mas o comportamento do consumidor, neste momento, é ponto relevante”, explica o técnico da Faep Guilherme Souza Dias.

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Para o consumidor, o que acaba importando é o peso no bolso na hora de pagar mais pelo leite na boca do caixa. Em uma pesquisa rápida realizada na terça-feira (1.º), em três supermercados de grandes redes de Curitiba, o preço da caixa de leite (UHT) variou de R$ 3,69 a R$ 5,29 (no caso dos tipos especiais). Já o pacote de leite em dois desses supermercados variou de R$ 3,15 a R$ 3,25. Em um dos estabelecimentos, o que baixa um pouco o preço é a possibilidade de comprar um pack com 12 caixinhas, por R$ 43,80, o que deixa o valor da unidade em R$ 3,65. 

“A caixinha de leite costumava ficar abaixo dos R$ 3. Nesse momento em que estamos em casa mais tempo, consumindo mais, fica difícil. Aumentou muito. Tenho observado que nem as promoções conseguem preços atrativos”, reclama o empresário Jayme Júnior Brotto, 43 anos, morador do Cajuru, em Curitiba.

De acordo com informações divulgadas no portal da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na metade de agosto, a pressão da demanda provocou aumento de preços em vários produtos. A valorização se deu de forma generalizada e o volume de vendas de lácteos cresceu 5,3% no primeiro semestre. Os dados informados pela Embrapa são da Nielsen Company, empresa global de informação.

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Ainda conforme a instituição, o leite UHT, por exemplo, atingiu de R$ 3,42 no atacado em São Paulo (a média histórica do preço é de R$ 2,82) e a muçarela foi o produto que mais valorizou. Os dados batem com o texto divulgado no último boletim da Faep, que mostra que os queijos continuaram valorizados no Paraná ao longo de julho e entraram agosto em alta. O muçarela, que aparece no estudo da Embrapa e é também citado pela Faep, atingiu o maior valor nominal da série histórica. Segundo levantamento do Conselho Paritário Produtores/Indústria do Paraná (Conseleite), esse derivado foi cotado a R$ 26,95 no atacado.

O Conseleite é um conselho tripartite que reúne representantes do setor produtivo e das industrias e é coordenado pela UFPR. Mensalmente, o conselho se reúne para divulgar um valor de referência a ser praticado pelas indústrias na negociação com os produtores. Esse valor é calculado a partir do desempenho de 14 derivados lácteos no setor do atacado. Para agosto de 2020, o conselho projeta um valor de referência de R$ 1,8319. Esse valor é um norteador das negociações com os laticínios, podendo sofrer ágios ou deságios conforme com parâmetros de qualidade entre outros.

“É importante ressaltar que a valorização tem sido em função da restrição da oferta, associada a uma demanda mais sólida. Os maiores ganhos não estão dentro da porteira. Para se ter uma ideia, a média dos valores recebidos pelo produtor de leite ficou em R$ 1,78 em agosto, de acordo com o Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento”, completa Guilherme Dias.

Nem o leite de saquinho escapou da alta dos preços. Foto: Alex Silveira/Tribuna do Paraná.

Para explicar a alta na demanda, a Embrapa diz que o auxílio emergencial, concedido pelo governo, passou a representar de 9% a 97% na renda de algumas famílias e, com isso, as pessoas que estavam na extrema pobreza passaram a consumir mais.

Já as famílias com o poder aquisitivo maior, a Embrapa destaca que elas transformaram o que não foi gasto com lazer em compras nos supermercados, o que fez as vendas do setor supermercadista crescerem 16% no período da pandemia.

A alta de preços motivou a Associação Paranaense de Supermercados (Apras) a se explicar para o consumidor por meio de nota. Além de mencionar o leite, outros alimentos de necessidade básica como o arroz, feijão, carne e óleo de soja aparecem na lista de aumento. Segundo a Apras, para minimizar estes efeitos, “os supermercadistas estão buscando manter os preços o mais baixo possível e que apenas estão repassando as altas aplicadas pelas indústrias”. O setor também pede que a população não compre além da necessidade e consuma com consciência, sem estocar alimentos, pois essas atitudes ajudam a manter os preços e evitam o desabastecimento.

A reportagem entrou em contato com as três redes de supermercados onde os preços do leite foram pesquisados. Até o fechamento da matéria, nenhuma delas havia comentado o tema.

Como achar o mais barato?

O aplicativo gratuito Menor Preço, do governo do Paraná, ajuda o consumidor na hora de economizar. Com o app instalado no celular e o produto em mãos, basta mirar o código de barras e ver qual é o menos preço cobrado por aquele produto em um raio de até 20 quilômetros de sua localização atual. O aplicativo está disponível para sistemas Android e iOS. É possível economizar não só com alimentos, mas com combustíveis também.

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