A Paróquia Santa Cândida, um dos marcos arquitetônicos da imigração polonesa em Curitiba, receberá um presente especial no dia da festa de sua padroeira, celebrada em 29 de agosto. O prefeito Eduardo Pimentel entregará à comunidade a nova iluminação cênica do templo neogótico, erguido no alto de uma colina e visível de diversos bairros ao redor.
Construída por imigrantes poloneses, a igreja começou a ser erguida em 1929 e foi inaugurada em 1936. O prédio atual, localizado na Rua Padre João Wislinski, tem sua arquitetura inspirada nas igrejas medievais dos séculos XII a XV e hoje é considerada uma Unidade de Interesse de Preservação.
As obras para implementação da nova iluminação já estão em andamento. Desde o início da semana, equipes da Engie, empresa concessionária da iluminação pública da cidade, trabalham na implantação da infraestrutura subterrânea e na instalação dos novos projetores em LED, sob fiscalização da Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop).
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A nova iluminação valorizará não apenas o templo, mas também a imagem de Santa Cândida no altar principal – uma relíquia histórica talhada em cedro, com 80 cm de altura, trazida de Portugal e presenteada por Dom Pedro II à colônia em 1877. Esta imagem, que originalmente estava na Catedral de Curitiba, foi levada à primeira capela da colônia em junho de 1876, em uma procissão que reuniu mais de 2 mil pessoas.
O arquiteto e urbanista Thales Sinhorini, do Departamento de Iluminação Pública da Smop, explica que o projeto vai além da valorização arquitetônica. “A arte de iluminar conecta à arquitetura quando os elementos decorativos recebem devido destaque. E assim, valorizamos a releitura dos fortes e contrafortes da arquitetura gótica, os detalhes e fenestrações ogivais, além de utilizar a gradação de temperatura de cor para dar destaque à verticalidade da torre que é tão característica deste estilo arquitetônico”, explica.
A proposta utiliza luzes e sombras para criar um percurso que desperte curiosidade e atraia visitantes. “Como o templo é visto de longe, as várias perspectivas sob efeito da luz instigarão a aproximação”, completa Sinhorini.
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Para alcançar o efeito desejado, serão instalados 127 equipamentos, incluindo projetores embutidos no piso, direcionáveis e perfis lineares. O projeto prevê uma gradação de temperaturas de cor, partindo de 4000K no nível do piso até 6500K no ponto mais alto da torre, criando a sensação de elevar o olhar.
Moradores do bairro celebram a iniciativa. Danusia Walesko, pesquisadora e bisneta de um dos primeiros imigrantes, considera que a nova iluminação elevará a autoestima local e estimulará a fé. “Um templo deve ser um lugar de aconchego, beleza e luz. Iluminando o templo iluminamos simbolicamente nosso caminho espiritual. Nessa época de tantos obscurantismos é sábio que venha a luz”, comentou.
Para Maria Marli Bastos, ministra da eucaristia há 20 anos, a nova iluminação será um cartão de visita para o local. “Da janela de casa eu posso contemplar a torre e já acho maravilhoso, imagina depois que estiver com a iluminação nova! O que já é bonito ficará ainda mais, vai atrair mais pessoas e melhorar ainda mais esse importante espaço urbano”, disse.
A construção da igreja tem uma história marcada por desafios. Iniciada em 1929 pelo padre Paulo Warkocz, com projeto de três naves, 36 metros de comprimento e 13 de largura, foi interrompida em 1930 devido à Revolução. Em 1931, o padre João Wislinski retomou os trabalhos, mas a falta de recursos paralisou novamente a obra, que só foi concluída em 1936, quando o arcebispo Dom Áttico Eusébio da Rocha realizou a bênção solene do templo.
Desde então, a Matriz de Santa Cândida permanece como um dos grandes símbolos da imigração polonesa em Curitiba e espaço de tradição para a comunidade.




