Tecnologia

Especialista de Curitiba entra para elite mundial de hackers éticos

Foto: divulgação.

Morador de Curitiba, Wagner Morais pode afirmar, com segurança, que hacker como ele existe apenas mais um no Brasil. Em julho, ele entrou para o Hall da Fama dos Hackers Éticos do EC-Council. No país, apenas Wagner e Leandro Ribeiro, funcionário do Hospital Sírio-Libanês, possuem o reconhecimento.

Desde 2001, a EC-Council (International Council of E-Commerce Consultants) é referência em cibersegurança e certificações profissionais. Sua principal certificação, a CEH (Certified Ethical Hacker), forma especialistas em invasão ética, ou seja, profissionais que usam técnicas de ataque para testar e reforçar a segurança de sistemas de empresas e governos.

Foto: arquivo pessoal.

Os 100 melhores profissionais que passam pelos cursos, com desempenho destacado nas avaliações e experiência comprovada, são escolhidos para o Hall da Fama, que reconhece mundialmente os “hackers do bem”.

“Fiquei bastante surpreso. É difícil entrar nessa lista e ainda mais ser reconhecido pelo governo americano. Quando me contataram, fiquei muito feliz, até porque agora posso também inspirar outras pessoas da área”, conta Wagner.

Talento que mora ao lado 

Com 20 anos de experiência em tecnologia, Wagner se dedica há 12 anos especificamente à cibersegurança. Em Curitiba, é head de Detecção de Ameaças na Latam Airlines, onde aplica diariamente seus conhecimentos.

“Minha equipe atua para detectar qualquer tipo de ameaça, seja em sistemas complexos ou em situações mais simples. A empresa é considerada um meio crítico porque estamos falando de aviões. Como tudo hoje está conectado à internet, tudo está exposto a ataques, então precisamos proteger o máximo possível”, explica.

Com mais de oito certificações do EC-Council, outras 100 na área de tecnologia e experiência em empresas internacionais e nacionais, como a Telefônica Brasil e o Clube de Futebol Santos, Wagner acredita que o segredo para se destacar no ramo está na prática, dedicação e atualização constante.

“É preciso ter uma boa equipe e sistemas capazes de identificar ameaças antecipadamente. Na Latam, usamos uma Inteligência Artificial própria que auxilia na tomada de decisões”, complementa.

Coisa de filme? 

No Paraná, assim como no Brasil, a área de cibersegurança está em expansão. Entre maio de 2023 e maio de 2024, houve crescimento de 4,5% em posições de cibersegurança no país, segundo o LinkedIn Economic Graph. Nos últimos quatro anos, o Brasil liderou o aumento proporcional de vagas na área em relação a outras indústrias, com 11,2% de crescimento.

Apesar de parecer coisa de filme, hackers éticos estão por toda parte – e não são motivo de preocupação. Ao contrário do que muitos imaginam, eles não são “contra-regras”, mas, sim, a regra.

“Quando se pensa em hacker as pessoas pensam ‘vai roubar um banco’ ou ‘vai transferir dinheiro’, mas, na verdade, ser um hacker é o ato de você fazer algo com uma certa expertise. Todo mundo que aprende e estuda tecnologia pensa em ser um hacker do bem e ético”, explica Wagner. 

Parte do trabalho dos hackers do bem é proteger sistemas dos ‘crackers’. Esses são aqueles que se assemelham aos personagens que vemos em filmes de ação e ficção. 

Curitibano de coração 

Natural de São Paulo, Wagner Morais escolheu Curitiba como sua cidade do coração. Com o início da pandemia, o modelo de trabalho remoto se tornou rotina, permitindo que ele optasse por viver em um local mais tranquilo, com menos trânsito e maior qualidade de vida, além de boas oportunidades de lazer.

“Quando trabalhava em uma empresa referência em tecnologia de transporte urbano, nos espelhávamos no modelo de Curitiba. Percebi que era uma cidade mais segura e com qualidade de vida superior à de onde eu estava e, por isso, decidi me mudar há quatro anos”, conta Wagner.

Hoje, além de ter estabelecido seu escritório em casa na capital paranaense, ele também cursa mestrado em Cibersegurança na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Paralelamente, lidera um dos grupos locais da Open Worldwide (OWASP), uma organização sem fins lucrativos dedicada a fortalecer a segurança de softwares. 

Mesmo com o extenso currículo e o reconhecimento internacional, ele mantém o compromisso de aplicar sua expertise, inspirar outros profissionais da área e continuar estudando. “A gente não para. Toda hora tem algo novo, ataques novos… a solução é sempre estar atualizado”, conclui.

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