Tragédia

Erro humano e fatalidade podem ter causado tragédia com paraquedas em Paranaguá

Arlei, em salto realizado em 2014. Reprodução / Facebook

O final de semana foi marcado por dois acidentes envolvendo paraquedistas no Paraná. O primeiro e mais grave aconteceu em Paranaguá, litoral do estado. Na tarde do último sábado (23) o eletricista e professor universitário Arlei Bichels não resistiu aos graves ferimentos causados após um problema na abertura de seu paraquedas logo depois de um salto no Aeroclube de Paranaguá.

As primeiras informações davam conta de que o paraquedas não havia sido acionado por Arlei durante o salto. No entanto a reportagem apurou que o sistema principal funcionou corretamente, inclusive o paraquedas reserva. Uma investigação foi aberta pela Confederação de Paraquedismo, mas de acordo com informações preliminares de testemunhas o mau uso dos equipamentos pode ter sido a verdadeira causa do acidente fatal.

Arlei tinha bastante experiência em saltos. Os primeiros registros datam do início da década de 70. Segundo amigos ouvidos pela reportagem, ele saltava praticamente final de semana sim, final de semana não. “Ele fazia uns dois saltos por vez e ia embora. É gente muito boa e querido por todos aqui no aeroclube”, disse um dos amigos que estava no local.

Companheiro de alguns saltos com Arlei desde a década de 70, o personal trainner Walter da Silva, também de 70 anos, lembrou com admiração do amigo. “Era um cara extremamente inteligente e cuidadoso. Não era um maluco. Era muito consciente, estava bem fisicamente e com documentos em dia. Foi uma fatalidade que pode acontecer com qualquer um de nós”, disse.

O acidente

O experiente paraquedista saltou de uma altura aproximada de 3 mil metros e após um tempo em queda livre, comum a todos os paraquedistas mais experientes, ele deveria ter acionado o paraquedas principal numa altitude aproximada de 850 metros. Os amigos que acompanhavam o salto e os que estavam em terra acharam estranho a demora.

Para garantir a segurança de todos os esportistas, existe um sistema de segurança chamado DAA (Disparador de Abertura Automático), que é obrigatório. Ele calcula a velocidade e pressão durante a queda e aciona o paraquedas reservas em caso de emergência, como por exemplo quando acontece um mal súbito ou desmaio. Com isso o impacto seria suavizado.

Houve uma demora muito atípica para o acionamento do paraquedas principal. Arlei só o fez quando faltavam aproximadamente 250 metros para o impacto. Segundos após acionar o principal, o DAA disparou o reserva como medida de segurança após interpretar a demora no acionamento anterior. Com os dois paraquedas livres ao mesmo tempo, houve prejuízo no sistema de desaceleração típico do paraquedas. Por algum motivo ainda desconhecido Arlei não desconectou o sistema principal, que ainda sim poderia ter deixado o reserva livre para amortecer a queda.

O impacto foi muito forte. Rapidamente equipes de emergência foram acionadas e os frequentadores do aeroclube de Paranaguá relataram que Arlei estava consciente e conversando. Ele chegou a dar entrada com vida no Hospital Regional de Paranaguá, mas por causa de múltiplas lesões internas acabou morrendo ainda no sábado. Seu corpo foi encaminhado para Curitiba e sepultado ainda ontem no Cemitério Municipal.

Outro caso

O segundo acidente do sábado aconteceu no município de Castro, nos Campos Gerais, durante um evento de paraquedismo. A vítima, identificada como Newton Roberto Cremansco Júnior, ficou ferida durante o pouso, tendo fraturado a perna e a coluna, segundo testemunhas.

O paraquedista foi atendido no local pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Bom Jesus de Ponta Grossa. A Tribuna entrou em contato com o hospital que confirmou que Newton estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da unidade. O quadro de saúde dele era estável, mas por estar na UTI o acesso as informações era restrito a familiares.

Paraquedista morre e outro fica ferido em dois acidentes distintos no Paraná

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