Pesquisa da UFPR

Drones revelam degradação em 36% de área de restinga no litoral do Paraná

Vegetação de restinga em Pontal do Paraná, no litoral
Foto: Marcos Solivan/Sucom UFPR/Frame/Reprodução

As praias de Marissol, Grajaú, Leblon e Ipanema, em Pontal do Paraná, são as que apresentam maior porcentagem de degradação na vegetação de restinga do município, segundo estudo realizado com o auxílio de drones por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicado na Revista Ocean and Coastal Research

A análise ambiental, feita em dezembro de 2020, abrangeu cerca de 22 quilômetros de restinga no litoral do município, contemplando 32 praias, de Pontal do Sul a Monções. A partir das imagens aéreas feitas com drones e avaliações em softwares de georreferenciamento, os pesquisadores constataram uma degradação de 36,5% da área, causada principalmente por construções irregulares, supressão de vegetação e introdução de espécies exóticas.  

“A vegetação da restinga apresenta alterações visíveis como caminhos artificiais para a praia, introdução de espécies exóticas para paisagismo, corte e poda da vegetação, instalação de chuveiros para banhistas, depósitos de resíduos sólidos (que podem contaminar o solo e a água), construções e barracas de pescadores e vendedores. Essas intervenções humanas podem levar espécies endêmicas à extinção”, aponta o artigo. 

Ocupações irregulares auxiliaram na degradação da restinga

O professor de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFPR e principal autor do estudo, Cesar Silva, conta que, inicialmente, acreditava que as roçadas seriam o principal fator da degradação. No entanto, a análise do material coletado revelou que as ocupações irregulares são as mais preocupantes. 

“Durante o monitoramento, observamos que, em menos de um ano de sobrevoo, alguns locais que estavam conservados já apresentavam degradação causada por construções irregulares na restinga, o que sugere que o poder público tem dificuldades para conter esse tipo de atividade”. 

O engenheiro ambiental e sanitário Alan D’Oliveira Correa, que também participou da pesquisa, alerta que o impacto das construções irregulares pode ultrapassar o campo ambiental. “Essa é uma área com forte presença de comunidades pesqueiras tradicionais, mas também há muitas edificações ocupadas por pessoas que não vivem do mar. Isso contribui diretamente para a degradação da restinga, comprometendo não só o meio ambiente, mas os modos de vida tradicionais”. 

O que é vegetação de restinga

Caracterizada por formações vegetais em zonas arenosas de planícies costeiras, a restinga é considerada uma Área de Preservação Permanente (APP), embora seja frequentemente impactada pela ocupação humana. Essa deterioração pode afetar ecossistemas terrestres e marinhos, já que a vegetação abriga espécies endêmicas da fauna e da flora e serve como refúgio e ambiente de reprodução para animais como corujas, aves marinhas e tartarugas. 

Silva também destaca que, durante o período de monitoramento, foram observadas podas clandestinas e aplicações de veneno na vegetação. “Existe uma ausência de conscientização sobre a importância da restinga por parte dos moradores e, especialmente, dos veranistas, que jogam lixo e poluem a vegetação”. 

A expectativa é que os dados obtidos sejam utilizados para o desenvolvimento de políticas públicas, promovendo a proteção da restinga e ambientes de praia mais saudáveis.  

Confira a publicação completa. O projeto recebe suporte financeiro da Fundação Araucária. Além disso, a Itaipu Parquetec patrocina a iniciativa. 

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