Desde 4 de agosto de 2024, a vida da família de Charis Fernanda Kuss, de 40 anos, não é mais a mesma. Charis foi esfaqueada por um vizinho nesta data, após uma discussão, e um dia depois, acabou morrendo no hospital.
A filha da vítima, Shayra Victória Kuss Gonçalves, de 23 anos, conta que há mais de um ano a família aprende a lidar com o que aconteceu. Porém, segundo ela, além de ter que conviver com a dor do luto, eles convivem com o incômodo de saber que o suspeito está solto.
”Nós queremos Justiça pela minha mãe e que o responsável pelo crime pague, nosso medo é que ele saia impune”, afirma.
Shayra contou que o crime aconteceu em um domingo, na rua Delmiro Fetter dos Santos, no bairro Cajuru. Conforme a jovem, o vizinho e a companheira dele moravam há três anos no local.
Durante esse período, ela se recorda que o casal alegava com frequência incomodo por barulho. Porém, segundo Shayra, mesmo em silêncio, havia reclamações e, por isso, para ela, era apenas um caso de implicância.
“Aí começou com ameaça, ele começou a perseguir minha mãe no serviço dela, tentou me atropelar na rua de casa. Ele via meu pai na rua e sempre ameaçava, começou a ficar cada vez mais grave”, se recorda.
Apesar da gravidade das acusações, Shayra conta que a família não imaginava que ele seria capaz de algo pior. Porém, todos foram surpreendidos da pior maneira.
Como tudo aconteceu
De acordo com Shayra, no dia do crime, o avô dela estava saindo da casa da família, quando o vizinho passou com a esposa dele e os cachorros. Neste momento, o homem teria provocado o avô.
Neste instante, o pai e a mãe da jovem que estavam dentro de casa, saíram. Shayra recorda que o pai dela e o vizinho começaram a discutir.
“Ele foi indo para a casa dele e provocando meu pai, no intuito do meu pai ir cada vez mais perto de lá. Na hora que meu pai estava perto da calçada, ele puxou meu pai pelo braço e acertou a primeira facada. Nisso, a minha mãe levantou o braço pra mostrar que não tinha nada e tentou ajudar meu pai. Ela acabou levando uma facada também”, se recorda.
Segundo a jovem, outros vizinhos tentaram ajudar, mas como o casal estava armado, eles ameaçaram todos. “Falaram que se aproximassem eles iam atirar”, conta.
Shayra explicou que o casal tinha deixado o carro pronto pra fugir. Porém, a polícia conseguiu prendê-los na rua de trás, onde eles se entregaram.
Após toda a situação, a mãe e o pai da jovem foram encaminhados ao hospital. Porém, Charis não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte, em uma segunda-feira. O pai da jovem conseguiu se recuperar, mas, segundo a filha, até hoje ele convive com sequelas do ocorrido.
Além da perda de movimento de dois dedos por conta do corte nos tendões, o pai da jovem enfrenta até hoje crises de pânico. Além de Shayra, a vítima também deixou outro filho, hoje com 16 anos.
Audiência marcada para 2026
Segundo a jovem, o casal de vizinhos ficou preso por cerca de um dia após o ocorrido, pois Charis ainda não teria falecido. Porém, após a emissão da certidão de óbito, Shayra se recorda que foi feito um pedido novo de prisão e o casal ficou preso por mais tempo, sendo solto em setembro de 2024.
“Desde então, eles estão em liberdade”, lamenta a jovem.
Em nota, o Ministério Público do Paraná afirmou que ofereceu denúncia contra o vizinho em 6 de setembro de 2024, a qual foi recebida pela Justiça dias depois. Ainda segundo o órgão, uma audiência de instrução do processo está marcada para maio de 2026.
A reportagem procurou a defesa do homem, que afirmou não ter interesse em se manifestar neste momento e que irá aguardar o andamento do processo.
