Uma discussão no BarBaran, no Centro de Curitiba, terminou com um homem de 51 anos baleado na noite desta sexta-feira (26/09). De acordo com o inquérito instaurado pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), a confusão envolveu a vítima e um policial civil que estava de folga. O motivo inicial teria sido um copo deixado sobre a pia do banheiro.
Testemunhas relataram que o policial retirou o copo para lavar as mãos, o que teria provocado a reação da vítima. A discussão rapidamente evoluiu para agressões físicas. O policial afirmou ter sido atingido na cabeça e, em seguida, prensado contra a porta durante os golpes. Nesse momento, ele se identificou como policial e avisou que estava armado.
Segundo a defesa, diante da continuidade das agressões, o agente efetuou um único disparo contra o homem. O advogado de defesa do policial, Heitor Bender, alegou legítima defesa. “O braço [do policial] está completamente arranhado, o que leva a crer que o rapaz tentou tirar a arma dele. A luta foi muito rápida, durou menos de um minuto. Entendemos que foi legítima defesa porque a violência escalonou. O policial se identificou e, mesmo assim, o homem não parou”, afirmou.
A defesa também confirmou que o policial havia consumido bebida alcoólica, mas em quantidade considerada pequena. “Ele estava no bar há menos uma hora, acompanhado de nove amigos. Segundo ele, tinha pedido uma ou duas cervejas apenas”, disse o advogado.
Questionada sobre o porte de arma em um bar, a defesa explicou que o policial seguia orientação da Secretaria de Segurança Pública (SESP), que recomenda que policiais estejam sempre armados e com identificação, mesmo fora de serviço.
Já a defesa da família da vítima, representada pelo advogado Elias Mattar Assad, rebateu a versão apresentada. Em nota, afirmou que “até o presente momento não se apurou qualquer causa que pudesse justificar a conduta do policial ao fazer uso de arma de fogo contra um cidadão que estava com a sua família no referido bar, enquanto foi ao banheiro, local onde foi alvejado”.
O advogado reforçou que a família presta assistência médica e acompanhará o inquérito policial para garantir o esclarecimento dos fatos. O homem de 51 anos estava acompanhado de familiares no bar no momento do disparo. O socorro foi acionado imediatamente, e a vítima foi atendida ainda consciente.
Vítima está em estado grave
Na manhã deste sábado, a vítima permanecia em estado grave na UTI do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, onde passou por uma cirurgia de emergência e aguarda melhora em seu quadro clínico para a realização de uma segunda intervenção cirúrgica.
Também nesta manhã, o policial, que não possui histórico de má conduta em sua carreira, iniciada há poucos anos, realizou exame de corpo de delito. Na noite anterior, ele havia recebido atendimento no Hospital Cajuru, onde passou por tomografia e avaliação clínica, antes de ser encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar esclarecimentos.
Em nota, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) explicou que não houve prisão em flagrante. “Após análise do delegado de plantão, não foi lavrado auto de prisão em flagrante, já que os elementos iniciais indicam a possibilidade de legítima defesa, considerando o disparo único, os ferimentos sofridos pelo policial, sua permanência no local e o acionamento imediato da Polícia Militar. A Polícia Científica realizou perícia e a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar de forma detalhada todas as circunstâncias do caso. A Corregedoria da PCPR acompanha a ocorrência desde o início”, concluiu a nota.



