Entrevista

Deltan: ‘A Lava Jato não é Lula. A Lava Jato são 450 acusados”

"Uma vez cumpridos os requisitos, normalmente os réus pedem a progressão. Se o réu não pedir, é obrigação nossa, do Ministério Público, pedir". Foto: Albari Rosa / Tribuna do Paraná
"Uma vez cumpridos os requisitos, normalmente os réus pedem a progressão. Se o réu não pedir, é obrigação nossa, do Ministério Público, pedir". Foto: Albari Rosa / Tribuna do Paraná

O coordenador da força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal Deltan Dallagnol concedeu uma longa entrevista para o jornal Gazeta do Povo nesta semana. É o mais completo depoimento feito por ele após o início da divulgação das mensagens hackeadas dos celulares dos integrantes do grupo, entre eles o ministro Sérgio Moro. Entre os assuntos comentados, Dallagnol citou o incômodo quando se relaciona todo o trabalho da Lava jato apenas ao nome do ex-presidente Lula, preso desde abril do ano passado na Polícia Federal em Curitiba.

“Temos que reconhecer que a Lava Jato não é Lula. A Lava Jato são 450 acusados. A Lava Jato é uma série de presos: Eduardo Cunha [ex-presidente da Câmara], Pedro Corrêa [ex-presidente do PP], Sérgio Cabral, PMDB, pessoas do PP. A Lava Jato é muito mais ampla do qualquer um desses personagens”, disse.

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Dallagnol disse que a conduta do atual ministro Sergio Moro enquanto ainda era juiz dos casos denunciados pela Lava Jato era inquestionável. “O que nós vemos na atuação do ex-juiz federal Sergio Moro era uma atuação técnica, uma atuação apartidária. É uma atuação que foi submetida a três instâncias independentes do Judiciário. A própria condenação contra o ex-presidente Lula foi submetida a revisão; já foi revisada por três desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) e por quatro ministros do STJ [Superior Tribunal de Justiça]. A gente está falando de sete julgadores independentes. E desses sete julgadores, cinco foram nomeados pelo ex-presidente Lula e ou pela ex-presidente Dilma do PT. E confirmaram a condenação. Então nós vemos aí uma atuação acima de qualquer suspeita do ex-juiz federal Sergio Moro”, disse.

Sobre a decisão de Moro em compor o governo de Jair Bolsonaro, Dallagnol disse que viu um caminho natural de combate a um mal maior. “A minha interpretação da ida do Sergio Moro para o Ministério da Justiça é de que foi uma busca de uma transformação mais robusta que a sociedade precisa de, efetivamente, ter menores índices de corrupção e impunidade. O que aconteceu foi que, em uma série de momentos da Lava Jato, ele estava tendo que lutar contra pessoas muito mais poderosas e contra interesses poderosos. Nas palavras do ex-juiz Sergio Moro, ele estava cansado de tomar bolas nas costas e das dificuldades que a gente enfrentava”.

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Segundo o coordenador da operação, o que foi visto ao longo da Lava Jato foi a luta para fazer um sistema que tem as engrenagens ajustadas para não funcionar contra poderosos. “Algo inédito na história, jamais aconteceu. Pessoas que estavam na Forbes list de bilionários foram para cadeia. Deputados, senadores e ex-deputados e ex-senadores, três ex-presidentes da República acusados por corrupção e lavagem de dinheiro. Outro ex-presidente da República, o quarto, acusado por associação criminosa. Algo inédito na história do país, se não no mundo. Algo que nunca foi feito. Nós vemos que o ministro Sergio Moro foi para lá [governo] para tentar mudar as engrenagens desse sistema, para solidificar os avanços e impedir retrocessos”.

>>> Clique aqui e confira a entrevista completa no site da Gazeta do Povo.

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