Novo Inter 2

Ciclovias da Arthur Bernardes vão sumir? Mudanças em projeto preocupam moradores

Imagem de projeto de revitalização da Arthur Bernardes, em Curitiba
Movimento SOS Arthur Bernardes critica mudança de ciclovias no local. Foto: Divulgação | Prefeitura de Curitiba

Recentemente a Prefeitura de Curitiba anunciou algumas mudanças no projeto do Novo Inter 2 na região da Avenida Presidente Arthur da Silva Bernardes. Os pontos principais da nova proposta do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc) são: traçados de pistas que prometem diminuir o corte de árvores, fazer ciclovias e pistas de caminhadas compartilhadas em um Parque Linear, além de alterações arquitetônicas da estação de integração Santa Quitéria. 

Entretanto, integrantes do Movimento SOS Arthur Bernardes – criado no ano passado para tentar evitar o corte de mais de 200 árvores na avenida -, não concordaram com as mudanças. O grupo aponta a possibilidade da exclusão da ciclovia atual e a diminuição da área verde permeável. Essas foram as principais críticas do movimento sobre os ajustes do projeto do Novo Inter 2.

O Movimento SOS Arthur Bernardes, formado por moradores dos bairros Portão, Seminário, Vila Izabel e Santa Quitéria, diz ser contrário à inclusão de novas faixas para o transporte individual e à inclusão de um terminal no meio do Parque Linear.

Imagem de projeto de revitalização da Avenida Arthur Bernardes, em Curitiba. Foto: Divulgação | Prefeitura de Curitiba

“A ciclovia da Arthur Bernardes, talvez um dos trechos mais consolidados em toda a cidade, foi simplesmente e descaradamente retirada do projeto. Destacamos ser previsível e óbvio que ciclistas percorrem caminhos intuitivos e de maior qualidade ambiental. A ideia proposta estará pondo em risco as vidas de cidadãos”, diz a nota do grupo. 

Um dos integrantes do grupo e morador da região, Gabriel Bressan afirma que o projeto foi feito a partir de uma visão simplista e sem sensibilidade às particularidades dos bairros. “No trecho da Avenida Arthur Bernardes o projeto foi feito como se o parque, a principal área de lazer de quatro importantes bairros da cidade, não existisse. Além disso, a ciclovia será removida e não se sabe para onde ela será transferida”, desabafou Gabriel, que citou ainda a participação de Felipe Timmermann na nota divulgada pelo grupo.

A ciclovia vai ser retirada da Arthur Bernardes?

Para a Tribuna do Paraná, a prefeitura disse que um trecho da ciclovia atual no Eixo de Animação da Arthur Bernardes será substituída por pistas de caminhada e vias cicláveis compartilhadas. Os pontos exatos dessa mudança ainda não foram detalhados, pois o projeto segue em desenvolvimento.

De acordo com a prefeitura, essa foi a solução encontrada para preservar o maior número de árvores em um circuito orgânico que permite desvios sem comprometer a acessibilidade. “A estrutura cicloviária de apoio à mobilidade ativa no trecho será desenvolvida pelas equipes técnicas, em uma segunda etapa, para substituir o traçado atual”.

SOS Arthur Bernardes critica miniterminal em Parque Linear

Outro ponto de divergência envolve o transporte coletivo. No site que abriga as principais informações do projeto, a prefeitura afirma que a grande obra é um salto na inovação do sistema e que vai levar Curitiba à eletromobilidade na operação de duas linhas: Inter 2 e Interbairros II. 

A proposta tem como objetivo melhorar a infraestrutura de vias exclusivas no itinerário circular que interliga as regiões Norte, Sul, Leste, Oeste, Boqueirão e Linha Verde. Para isso, uma estação de integração será instalada no Santa Quitéria. As últimas alterações são arquitetônicas, que reduziriam a área de impermeabilidade ainda que sejam necessários os transportes de mudas de árvores já plantadas no local. 

Do outro lado, o Movimento SOS Arthur Bernardes aponta falta de informações e de planejamento. “A criação de um miniterminal de ônibus com a presença de oito linhas alimentadoras em meio ao Parque Linear vai prejudicar a qualidade ambiental e uso social do mesmo. Além da alteração substancial do itinerário de oito linhas alimentadoras da região sem dados ou estudos suficientes sobre viabilidade dessas mudanças, que afetarão mais de oito mil usuários por dia”, justifica Gabriel. 

Veja proposta para o miniterminal:

Redução do corte de árvores na Arthur Bernardes

Sobre o impacto ambiental das obras, das 1.534 árvores contabilizadas pelo inventário dos novos estudos, 103 serão cortadas. Uma solução apontada no novo projeto foi um desenho orgânico das pistas de caminhada e ciclovias compartilhadas no interior do Parque Linear. Em vez de equipamentos de lazer e esporte, será instalado paisagismo com soluções baseadas na natureza, usando jardins de chuva que ampliam a permeabilidade do solo e favorecem a biodiversidade local. 

O argumento de soluções baseada na natureza não foi bem aceito pelo grupo de moradores. “O que vemos é a manutenção de todo o projeto de macrodrenagem e de impermeabilização das pistas, enquanto as propostas de alterações se resumem a um novo paisagismo sob um discurso de jardins de infiltração”. 

Questionada, a Prefeitura disse para a reportagem que o circuito orgânico, associado ao paisagismo voltado a biodiversidade e microdrenagem, com jardins de infiltração, vão preservar maior área de permeabilidade do solo da área, que passará a ser denominada Parque Linear. 

“Esses ajustes, somado ao desvio do traçado das pistas nas quadras entre a Av. Getúlio Vargas e a Rótula dos Anjos, vai evitar o corte de árvores de grande porte no canteiro central, reduzir o impacto de impermeabilidade do solo e ainda garantir uma faixa exclusiva para a operação do transporte coletivo, dando prioridade à mobilidade sustentável”, disse nota do município.

Moradores pensam em ajustes do projeto do Novo Inter 2

O grupo ganhou força no segundo semestre de 2024, quando realizou vários protestos chamando atenção para o corte de árvores adultas em toda a extensão do Parque Linear da Avenida Arthur Bernardes. Com o passar dos meses, a pauta do movimento expandiu. 

Mesmo com as novas alterações, o movimento segue defendendo ajustes mais baratos e com menor custo ambiental. “São diversas as ideias, mas todas convergem à manutenção das pistas como hoje estão e à valorização do Parque Linear e sua função ambiental e social. Alternativas poderiam ser pensadas, como por exemplo, a criação de faixas exclusivas em horários específicos apenas, como já existem em tantas outras metrópoles brasileiras”, opina Gabriel. 

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