Fábrica na RMC

Carros elétricos mais próximos? Renault avalia produzir novos modelos no Paraná

Novo Renault Megane E-Tech 100% elétrico. Foto: Reprodução/Renault/Instagram

A meta da fabricante francesa de automóveis Renault é que os carros elétricos ocupem 90% de suas linhas de produção na Europa, até 2030. Atualmente, os híbridos e elétricos já respondem por 35% das vendas por lá. Isso, inevitavelmente, mexe nos planos da empresa para o Brasil. Em visita nesta quinta-feira (11) ao complexo fabril de São José dos Pinhais (PR), único da marca no país, o CEO da companhia, Lucca de Meo, falou sobre a possibilidade de produção local de elétricos: “Muitos projetos estão sendo discutidos para localização no Brasil. Nenhuma decisão foi tomada ainda, mas, sim, é possível”.

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“Vamos ver. Primeiro veremos se somos capazes de integrar todos os nossos produtos. Também vamos importar (carros elétricos e híbridos) para ver como vai o mercado. Pessoalmente acho que há potencial”, afirmou o executivo.

Lucca de Meo chegou ao comando da Renault em julho de 2020. “No momento mais duro de toda a história da companhia”, afirmou, referindo-se à crise de governança após o escândalo de corrupção envolvendo seu antecessor, Carlos Ghosn, que foi preso no Japão e depois fugiu, e também devido aos efeitos da pandemia nos mercados internacionais.

Crise dos semicondutores cortou produção da Renault em meio milhão de carros

Mais recentemente, o quadro se agravou com a escassez global de chips e semicondutores para automóveis. “Vamos deixar de produzir neste ano entre 450 mil e 500 mil carros por causa dessa crise dos semicondutores. É muita coisa”, avalia. Ele estima que o problema deve se estender por 2022, com menor intensidade, mas ainda assim freando o potencial da indústria automotiva. “Montar uma fábrica dessas (de semicondutores) leva quatro a cinco anos, custa bilhões de dólares. Isso não se resolve facilmente”.

A crise obrigou a Renault a reagir. “Mudamos muitas coisas, nossa direção, nossa estratégia, tivemos que tomar decisões muito duras que há anos não tomávamos”, disse o executivo de 54 anos nascido em Milão, que já passou pelas montadoras Toyota, Fiat e Volkswagen. Na planta da região de Curitiba, a Renault chegou a demitir mais de 700 trabalhadores em julho do ano passado, mas depois fez acordo com o sindicato e os desligamentos sumários deram lugar a um programa de demissão voluntária que atraiu 500 colaboradores.

Foco da Renault mudou para produção de carros maiores

Dentre as decisões estratégicas da gestão De Meo está o reposicionamento global da marca. A companhia francesa decidiu que não quer continuar conhecida como fabricante de carros pequenos. A aposta agora está em automóveis mais espaçosos, que podem gerar mais lucros. “Creio que a Renault se concentrou demais em carros pequenos, e 70% dos volumes está nesse segmento. Queremos subir de nível no Brasil”.

A decisão da Renault não surpreende o mercado. Flávio Padovan, sócio da MRD Consulting e ex-CEO da Jaguar Land Rover, vê uma estratégia parecida nas linhas de montagem. “Existe uma tendência hoje, não só da Renault, mas de todas as montadoras, de maximizar o mix de produção e vendas. Quando você tem escassez de componentes, como acontece hoje, de semicondutores, você tem restrição de produção. E daí procura direcionar sua produção para os carros mais rentáveis. Todas as montadoras estão fazendo hoje a mesma coisa”, avalia.

A nova fase da Renault deverá ser centrada, também, em carros híbridos e elétricos, com otimização das plataformas de produção. “Queremos o mesmo nível de qualidade e tecnologia em todo o mundo. Não vamos ter países de primeira divisão e segunda divisão. Vamos ter produtos globais”, afirmou o CEO da empresa, ressalvando, contudo, que algumas diferenças permanecerão, em função de regulações regionais, softwares e níveis de conectividade. No Brasil, por exemplo, De Meo diz que “faz sentido um carro híbrido com etanol”.

Turbulência é global, diz executivo da Renault

Lucca de Meo é o CEO mundial da Renault desde julho de 2020
Lucca de Meo é o CEO mundial da Renault desde julho de 2020| Divulgação / Renault

O executivo italiano também comentou o quadro político-econômico brasileiro, com inflação acelerada, moeda enfraquecida e embate eleitoral acalorado no ano que vem.

“Essa turbulência não é só no Brasil, é no mundo. A América Latina é um mercado muito volátil, tem que ter muita paciência para superar as ondas e os desafios. Temos que tomar decisões que permitam nos proteger das mudanças a nível econômico. Localizar autopeças, por exemplo, é uma operação que nos permite ser mais independentes das taxas de câmbio. O Brasil é uma das regiões mais voláteis do mundo. No entanto, estamos aqui para ficar. Não estamos planejando para os próximos 18 meses, mas para daqui a dez anos”.

Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a Renault ocupa atualmente o sétimo lugar entre as montadoras do país, com 6,8% de participação no mercado. Em março deste ano a companhia anunciou um investimento de R$ 1,1 bilhão para a renovação de cinco produtos de seu portifólio atual e dois novos veículos elétricos. Após a chegada do Zoe E-tech Electric, em abril, o próximo elétrico a ser lançado no país é Kwid E-Tech Electric, em 2022. Produzido na China, deverá ser o mais barato da categoria. Atualmente, este posto está com o JAC e-JSI, que custa R$ 149.990,00.

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