Bonita, poderosa e mortal. Essa é a Espatódea (Sphatodea campanulata), uma planta de origem africana, introduzida no Brasil como árvore ornamental que integra o paisagismo de alguns pontos de Curitiba. A lei municipal proíbe a produção de mudas e corte imediato em caso de existência. O motivo é uma substância tóxica presente na planta que é capaz de matar abelhas, insetos e até beija-flores. O perigo mora ao lado do Horto Municipal Guabirotuba, local responsável pela produção de flores que estão espalhadas pelos parques e canteiros da cidade.

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Um leitor da Tribuna do Paraná que pediu para não ter o nome divulgado, demonstrou indignação ao notar que uma árvore tóxica está matando abelhas e outros insetos ao lado do Horto Municipal. “Agora me expliquem como pode uma lei 15.567 de 2019 designar que esta planta deve ser extinta de nossa cidade, por ser invasora e tóxica para nossas abelhas nativas e para pássaros e outros insetos, termos mais de cinco árvores desta espécie? Alguém consegue me explicar, pois tá difícil de entender… Prefeitura de Curitiba, Rafael Greca, me expliquem, por favor!!!”, reclamou o leitor em contato com a Tribuna do Paraná.

E realmente ele está certo. A reportagem da Tribuna esteve em três pontos da capital em que encontrou abelhas e joaninhas mortas dentro das flores deste árvore. Os locais são: uma pequena praça ao lado do Horto Municipal na Avenida Salgado Filho, na Rua Moysés Marcondes, no bairro Juvevê, e Rua dos Funcionários, no bairro Cabral.

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Por que a árvore é assassina?

A árvore possui inflorescência, um conjunto de flores que surgem na terminação dos ramos com formato de tulipa. Começam a brotar a partir dos quatro anos, geralmente no verão e primavera. Os principais polinizadores são os pássaros, mas o pólen abundante e o néctar adocicado atraem também insetos. A partir disso, a árvore produz um sistema de defesa, uma substância muscosa conhecida como mucilagem. Aí está o perigo, pois o inseto “gruda” nesta mucosa e morre.

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Vinícius Bednarczuk de Oliveira, coordenador e professor do curso de Farmácia, da Uninter, e pesquisador na área de química de produtos naturais, reforça que a taxa de mortalidade aumenta nas abelhas devido a essa armadilha da árvore.

“A mucilagem faz com que as abelhas, joaninhas, formigas e outros insetos fiquem grudadas na flor, uma gosma. Ela fica presa e morre. Em uma área com produção de mel na cidade, por exemplo, esta espécie pode aumentar muito a morte delas”, alertou Vinícius.

A Espatódea adulta tem diâmetro médio do tronco entre 30 e 50 centímetros, pode atingir até 25 a 30 metros de altura e a floração ocorre por volta dos 4 anos. A planta tem pelo menos outros quatro nomes populares: Bisnagueira, Tulipeira-do-Gabão, Xixi-de-macaco e Chama-da-Floresta. 

O que diz a lei?

Desde dezembro de 2019, por conta da lei municipal 15.567, está proibida a produção de mudas e o plantio desta árvore em Curitiba. O descumprimento ao infrator implica em pagamento de multa, no valor de R$ 1.000,00 por planta ou muda produzida, a ser aplicada em dobro no caso de reincidência. No terceiro artigo da lei, as árvores que já houverem sido plantadas deverão ser cortadas e as mudas produzidas ou em produção, descartadas. Confira os incisos abaixo do artigo:

§ 1º Caso a árvores estejam plantadas em terreno particular, o corte se realizará sob autorização prévia da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

§ 2º As árvores plantadas em terrenos ou espaços públicos serão cortadas imediatamente e as mudas, se houverem, descartadas.

E aí prefeitura?

Mesmo sendo proibida, e prefeitura informou que qualquer corte de árvore na cidade precisa passar por avaliação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. “A Prefeitura de Curitiba não produz nem incentiva o plantio da espécie de árvore Espatódea (Sphatodea campanulata). O corte das árvores existentes na cidade desta espécie precisa ser avaliado e aprovado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente”, comunicou a prefeitura.

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