O homem acusado de ter abusado sexualmente de três mulheres durante um assalto a uma farmácia no bairro Jardim das Américas, em Curitiba, na noite de 26 de maio, era presidiário até o final de março, quando foi beneficiado por uma decisão judicial de progressão de regime prisional, concedida durante um mutirão carcerário feito para liberar vagas em penitenciárias.

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Ele foi preso no dia seguinte ao assalto e está novamente no presídio. O assaltante tem histórico de crimes violentos, com cinco condenações, a maioria por roubo a mão armada, que totalizam 22 anos de prisão.

O assaltante de 36 anos tem nove páginas de folha corrida. Em seu histórico, não havia registro de crimes sexuais. Ele praticou delitos em pelo menos três estados: Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. O homem já cumpria pena desde 2013, embora tenha fugido e sido recapturado em 2015. Esteve em outras unidades, até que foi transferido para a Casa de Custódia de Piraquara.

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No final de março, a pedido do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen-PR), o Grupo de Monitoração e Fiscalização (GMF), do Tribunal de Justiça, organizou uma série de mutirões carcerários para liberar vagas no sistema prisional. O presidiário foi beneficiado pela antecipação de progressão de regime, com tornozeleira eletrônica. No dia 25 de março, o aparelho foi instalado. De acordo com os registros do Depen-PR, no dia 21 de abril houve uma ruptura e o monitoramento foi interrompido. A situação foi comunicada às autoridades policiais e judiciais.

Poucos dias antes do assalto à farmácia, o mesmo criminoso teria praticado outro roubo, em 18 de maio, apontando uma arma para a cabeça de um bebê de três meses. Ele acabou sendo preso no dia 27 de maio. Quando foi abordado por policiais, tentou fugir e abandonou uma arma de fogo. Resistiu à prisão, quebrou o vidro de uma viatura e chamou um dos agentes de macaco.

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Posteriormente, foi reconhecido pelas vítimas, duas funcionárias e uma cliente da farmácia, como o autor dos abusos sexuais, enquadrados como estupro. A decisão que determinou que o criminoso fique preso, homologando a detenção em flagrante, é do juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, que ganhou notoriedade ao mandar prender o ex-governador Beto Richa, em 2018.

Critérios técnicos

Os mutirões carcerários no Paraná foram suspensos pelo Tribunal de Justiça, a partir de 6 de abril. A juíza Ana Carolina Bartolamei Ramos, que coordena o GMF no Paraná, explica que a decisão que concedeu o benefício ao homem está embasada em critérios técnicos.

Ele estava a menos de nove meses de conseguir a progressão de regime automaticamente, não tinha nenhuma falta grave (medidas disciplinares dentro da unidade prisional) cometida nos últimos três anos e tinha atestado de que estava trabalhando, o que acelera o cumprimento de pena. Segundo a magistrada destacou, essas regras objetivas para o benefício foram aprovadas pelo Tribunal.

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A juíza acrescenta ainda que o objetivo era abrir vagas em unidades superlotadas. Ela também pondera que os magistrados não têm controle sobre o que a pessoa faz depois que sai do sistema prisional. Haveria outras probabilidades também: ele poderia ter cumprido a pena integralmente e mesmo assim ter cometido um crime ao sair.

Uma situação que destoa no caso é que o criminoso não tinha histórico de delitos sexuais. Maus tratos e até abusos sofridos em ambiente prisional, geralmente em condições degradantes, contribuem para que uma parcela considerável dos presidiários acabe reincidindo no crime, quando deixa a penitenciária.


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