Devonianos

A 100 km de Curitiba, cidade do Paraná tem fósseis mais antigos que dinossauros

Imagem mostra o mirante do Buraco do Padre.
Foto: Leonardo Coleto/Tribuna do Paraná.

Antes mesmo de receber o nome oficial, Ponta Grossa, localizada a 100 quilômetros de Curitiba, já era povoada por espécies mais antigas que os dinossauros. A região integra um dos conjuntos geológicos mais importantes do Paraná, onde rochas e fósseis contam histórias de quase 400 milhões de anos.

O município está no centro da Escarpa Devoniana, formação de 260 km que se estende por 12 cidades do estado. No Período Devoniano, o Paraná era um grande mar, com oscilações de nível em subidas e decidas. Camadas de areia, lama e sedimentos se acumularam ali ao longo do tempo e originaram parte da paisagem atual. 

Alguns desses depósitos deram forma a cartões-postais da cidade, como o Parque Estadual de Vila Velha, formado no período após o Devoniano. As rochas esculpidas são resultado da compactação desses sedimentos e da erosão que, com o passar dos séculos, moldou os paredões. Outra contribuição é o Buraco do Padre.

As fendas expostas, como a Fenda da Freira, revelam bem esse processo de acumulação dos sedimentos. Cada linha nos paredões marca uma etapa desse acúmulo antigo. Na Formação Ponta Grossa, região onde a maioria dos fósseis foram encontrados, pesquisadores visualizam nessas formações espécies que viveram no mar devoniano. 

Trilobitas, braquiópodes, crinóides e moluscos estão entre os achados mais comuns, além de rastros deixados por organismos marinhos que habitaram a região no período Devoniano.

Fósseis foram localizados há mais de 100 anos

Em 1913, o americano John Mason Clarke publicou a obra que se tornaria o referencial das descrições paleontológicas intitulada Fósseis Devonianos do Paraná. O trabalho descreveu duas ordens de animais marinhos da região: lingulídeos e discinídeos.

Anos mais tarde, arqueólogos encontraram o primeiro registro de habitantes nos Campos Gerais, região que inclui Ponta Grossa, em fevereiro de 1956. Na época, uma pequena reportagem de um jornal de Curitiba revelou a presença de pinturas rupestres em abrigos sob rocha no município de Piraí do Sul, na Fazenda das Cavernas.

Naquele período, um grupo de arqueólogos franceses decidiu explorar a região para documentar os achados. Entre brejos, vegetação nativa, paredões e formações rochosas, muitas das relíquias do município permanecem escondidas até hoje.

Décadas depois, em 2020, pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fizeram uma descoberta inédita na América do Sul. Eles identificaram fósseis de um grupo de equinodermos, parentes das estrelas-do-mar, conhecidos como ofiuroides, preservados em rochas do Período Devoniano.

Fotos: Malton Fraga/Labpaleo-UFPR/Acervo.

Com o apoio de tecnologias de análise avançada, os pesquisadores concluíram que esses organismos prosperaram em diferentes tipos de fundos marinhos. Mesmo assim, foram preservados principalmente em áreas próximas à foz de rios, onde eram anestesiados pela água doce e soterrados rapidamente por sedimentos. A descoberta ganhou destaque internacional e reforçou a importância científica dos Campos Gerais. Leia mais sobre a história de Ponta Grossa.

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