Segurança

2 mil olhos eletrônicos vigiam Curitiba: Muralha Digital vai mudar?

Foto: Henry Milleo / arquivo Gazeta do Povo.

Drones, policiais robôs, inteligência artificial. A Segurança Pública da gestão de Eduardo Pimentel quer fazer da tecnologia uma aliada na defesa do patrimônio e das pessoas da cidade. Em um pouco mais de um mês de gestão, a Muralha Digital – sistema que monitora com câmeras diferentes pontos de Curitiba – deve receber melhorias nos próximos quatro anos.

O programa precisa de melhorias há muito tempo. As falhas da Muralha Digital foram até apontadas como pela Tribuna do Paraná ao longo de 2024. Em julho do ano passado, a redação da Tribuna e os Conselhos Comunitários de Segurança – Consegs se reuniram num projeto chamado Carta Curitiba Para o Futuro. Neste documento, um pedido sincero dos representantes dos Consegs sugeriu avanços para a Muralha Digital. O apelo foi unânime entre os Consegs: Curitiba precisa de mais monitoramento, além das áreas centrais. A carta foi entregue em outubro ao Eduardo Pimentel, na época candidato a prefeito de Curitiba.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Melhorias estão sendo estudadas

Conforme dados disponibilizados pela prefeitura, atualmente a Muralha Digital conta com 2 mil câmeras que operam 24 horas por dia. Os equipamentos estão instalados em pontos estratégicos, como escolas, praças, Ruas da Cidadania, parques e terminais de ônibus, e enviam as informações para uma central operacional. Além de ter o objetivo de auxiliar na prevenção de crimes, o mecanismo também serve para investigações. Em 2024, 2.397 imagens foram compartilhadas com autoridades judiciais e policiais.

Em Curitiba, a Muralha Digital faz parte da Secretaria de Defesa Social e Trânsito. Em entrevista para a Tribuna, o secretário da pasta, Rafael Vianna, revelou que um dos projetos atuais em desenvolvimento na secretaria se chama Muralha 2.2, fazendo referência ao século 22.

“É preparar efetivamente a Muralha Digital para o próximo século, trazendo novas ferramentas que possam integrá-la. A gente vai ter drones, policiais robôs, outras câmeras, que vão também integrar esse sistema e, ao mesmo tempo, trazer mais inteligência artificial, para que a gente consiga cada vez mais trabalhar com banco de dados e com comparação, entre o que as câmeras captam na realidade e esse banco de dados, que será de imagens, mandados de prisão, dos rostos das pessoas e de situações que merecem uma atenção”, afirmou o secretário de Defesa Social e Trânsito.

Para o uso dessas ferramentas, Vianna citou como situação hipotética um grupo de pessoas correndo. Para ele, utilizando as tecnologias, seria possível identificar do que se trata o aglomerado, se é um grupo de corredores ou uma briga de torcidas, por exemplo. Caso se trate de algo perigoso, o alerta gerado no centro operacional faria com que a equipe mais próxima fosse acionada, resultando em um rápido atendimento.

Por conta dos estudos de viabilidade e do impacto financeiro, o secretário reforçou que a expectativa é desenvolver essas ações ao longo dos próximos quatro anos. “Exige uma preparação e também tem toda a questão de integração tecnológica, que não é algo simples de se fazer. Como demanda um investimento significativo, isso tem que casar muito bem para que não haja nenhum desperdício de dinheiro público”.

Equipe da Guarda Municipal com Rafael Vianna (ao Centro), secretário de Defesa Social e Trânsito de Curitiba. Foto: Hully Paiva / SMCS.

O que já funciona na Muralha Digital

Vianna explicou que o objetivo da Muralha Digital é criar uma barreira protetora da cidade. “Essas câmeras envolvem tanto câmeras de segurança, compradas especificamente para o fim de monitoramento, quanto câmeras de trânsito, dos radares e de redutores de velocidade”.

De acordo com o secretário, o sistema atual conta com a possibilidade de programar alertas de acordo com a necessidade da segurança pública, facilitando o monitoramento de pessoas, veículos e de algumas situações, como dias de jogos de futebol e shows, por exemplo.

“As câmeras são analíticas, elas conseguem fazer a leitura de placas, reconhecimento facial. Então, sejam objetos abandonados ou uma pessoa deitada no chão, que pode ser um corpo, uma pessoa em situação de rua, um idoso que tenha caído, a gente consegue programar para que surja um alerta, como se fosse um pop-up no telão que existe ali. O operador consegue visualizar a partir do alerta gerado por aquela câmera e verificar com o zoom o que está acontecendo ou fazer o acionamento da equipe na rua para que atenda essa ocorrência”, completou Vianna.

Câmeras privadas podem fazer parte da Muralha Digital?

O secretário também revelou que possuem estudos de integrar na Muralha Digital as câmeras particulares, de instituições e moradores. No entanto, ele afirma que isso demanda uma análise cuidadosa, para que seja garantido um uso realmente eficaz desses equipamentos.

Vianna destacou que existe diferença entre o uso das câmeras na tentativa de prevenir um crime e a utilização durante uma investigação policial, na qual a situação criminosa teria acontecido. Para ele, esse é um dos importantes fatores que precisa ser analisado antes de uma integração entre o público e privado.

“A gente vai ter que ter uma padronização dessas câmeras, do que a gente vai conseguir trabalhar com elas dentro da Muralha Digital. Porque elas têm a sua utilidade, mas elas servem mais para investigação. Ou seja, a gente vai conseguir buscar imagens de um crime que aconteceu, mas não é essa a expectativa da população quando ela vai integrar uma câmera em um sistema público de Muralha Digital. Ela quer justamente que a gente veja o crime acontecendo e evite que o crime seja consumado ou que a gente antecipe as situações. Isso já exige um outro planejamento, uma outra estrutura que precisa de tempo para ser construída”, explicou.

Zonas quentes de criminalidade

Na Carta para Curitiba do Futuro, o Conseg Capão Raso pediu a ampliação da Muralha Digital citando várias ruas movimentadas da cidade que poderiam contar com o monitoramento. Questionado sobre a possibilidade de extensão do sistema, Vianna confirmou que é uma das intensões da nova gestão e comentou que a seleção é feita por meio das ‘zonas quentes da criminalidade’.

Ou seja, antes de instalar uma câmera, esse planejamento analisa onde existe maior incidência criminal, qual é o tipo de crime, os horários e dias de semana dos delitos e o quanto a ferramenta ajudaria a inibir essas infrações.

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