Grana à vista!

13° salário deve injetar R$ 12,9 bilhões na economia paranaense. Gastar ou poupar?

Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Uma das grandes expectativas para o trabalhador registrado no final do ano é receber o 13° salário. Em um ano atípico, devido à pandemia do novo coronavírus com perdas salarias e até de emprego, as pessoas precisam tomar alguns cuidados com o dinheiro extra que vai entrar nos próximos dias. A tentação de gastar é imensa, mas segundo especialistas da área financeira, o ideal é pagar dívidas ou preservar a grana para o futuro. Só no Paraná, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) serão liberados R$ 12,9 bilhões a 5,1 milhões de pessoas.

+Leia mais! Crise? Rede de supermercados inaugura 3ª loja em Curitiba durante pandemia

A regra determinada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) institui que o 13º seja dividido em duas parcelas, e a primeira tem que ser depositada até o fim deste mês. Já a segunda parcela precisa ser paga até o dia 20 de dezembro. Em 2020, tivemos algumas alterações devido a pandemia e os aposentados pelo governo federal já receberam o benefício. No Paraná, o governo estadual anunciou na semana passada que fará a antecipação do pagamento do 13º salário para o dia 4 de dezembro. O valor será depositado integralmente na conta de quase 265 mil servidores ativos, pensionistas e aposentados.

Com a previsão da chegada do dinheiro, o comércio busca o cliente com descontos e promoções. Até a famosa Black Friday que tradicionalmente acontece no dia 27 de novembro foi antecipada em lojas de departamentos. Aí que bate a dúvida, aproveitar a redução no preço ou segurar a grana? A professora Sandra Mara Risart, 60 anos, tem a ideia de reservar metade da segunda parcela do 13º para possíveis despesas no futuro. “Eu vou guardar a metade da segunda parcela. Geralmente eu guardo a primeira, mas este ano foi complicado. A gente fica esperando este benefício especialmente para pagar dívidas. Acredito que as pessoas irão moderar no consumo devido a pandemia”, comentou a professora.

Aposentada, Sandra Risart vai guardar metade da segunda parcela, já que algumas contas pesaram no orçamento. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.

Esta ação de economizar ou até mesmo efetuar o pagamento de dívidas é muito bem recebida por especialistas da área financeira. Débitos com cartões de crédito ou cheque especial são os principais vilões e devem ser quitados pelos consumidores.

O contador e professor de Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Rafael Micheviz, 37 anos, reforça que as pessoas precisam equilibrar a tentação da compra com a razão do bolso. “A primeira coisa é pagar as dívidas, principalmente aquelas com juros altos, casos do cartão de crédito e do cheque especial, pois são dívidas caras. Antes de pensar em gastar, a pessoa precisa verificar isto. Se a pessoa não fez acordo com o banco, pague integralmente o valor e não o mínimo. Caso não tem dívida, faça uma reserva. Sugiro que aplique em rendas com liquidez diárias como poupança, CDBs e tesouros direto de banco. Caso tenha um problema, você pode retirar o dinheiro na mesma hora”, comentou o contador.

13º no Paraná

Segundo o Dieese, o pagamento do 13º salário tem o potencial de injetar na economia brasileira cerca de R$ 215 bilhões. No Paraná, esse benefício pode representar R$ 12,9 bilhões que serão pagos a 5,1 milhões pessoas. No estado, os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários representam 62,2%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS equivalem a 36,2%. O emprego doméstico com carteira assinada responde por 1,6%.

+Viu essa? Quer descontar os créditos do Nota Curitibana no IPTU? Fique esperto

Em relação aos valores que cada segmento receberá, empregados formalizados ficam com 71,6% (R$ 9,3 bilhões) e os beneficiários do INSS, com 19,5% (R$ 2,5 bilhões), enquanto aos aposentados e pensionistas do Regime Próprio do estado caberão 6,3% (R$ 813,7 mil) e aos do Regime Próprio dos municípios, 1,8%.

O Dieese não leva em conta trabalhadores autônomos, assalariados sem carteira ou trabalhadores com outras formas de inserção no mercado de trabalho que, eventualmente, recebem algum tipo de abono de fim de ano, uma vez que não há dados disponíveis sobre esses pagamentos.

A autônoma Rebeca Luana Gaeti, 21 anos, perdeu o emprego na pandemia. Trabalhava como caixa de uma loja de roupa no Centro de Curitiba e não vai ter esta renda extra neste ano. Segundo ela, quando recebia o 13° não conseguia economizar. “Já recebi e o objetivo inicial era para pagar contas, mas geralmente gastava com presente, decoração e comida. É uma mão na roda e gostaria de estar ganhando, mas infelizmente fui mandada embora do meu trabalho devido à crise”, relatou Rebeca.

Rebeca Gaeti perdeu o emprego na pandemia, mas disse que quando ganhava 13º Salário costumava gastar.

Com o dinheiro entrando na conta das pessoas, o comércio tem uma expectativa de melhora nas vendas para o fim de ano. Camilo Turmina, presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), acredita que os empresários precisam valorizar o momento depois de um ano complicado. “A entrada de novos recursos é de suma importância e todos fazem uma avaliação dos desejos e necessidades. Para o comércio que teve redução de jornada e suspensão de contrato de trabalho, o período é de oportunidade para alavancar os negócios. O Black Friday pode ajudar também até pelos descontos e promoções, não apenas no grande varejo, mas também no comércio de bairro. É um momento ímpar para todos”, salientou Turmina.

+Oportunidade! Rede de supermercado tem 100 vagas abertas em Curitiba. Seleção é nesta quarta-feira

Apesar da confiança por parte da ACP, os comerciantes não estão muito animados com a chegada do 13° salário. Há 35 anos nas ruas como vendedor ambulante, Emílio Peres, 67 anos, está descrente no aumento das vendas de sua loja de bolsas, malas, bonés e chapéus. “A pandemia atrapalhou demais e o dinheiro está curto. Os aposentados receberam antecipadamente e agora vai faltar. Não tenho grandes expectativas, mas qualquer venda é positiva’, desabafou o vendedor que atualmente está na Praça Zacarias.

O vendedor ambulante, Emílio Peres, 67 anos, está descrente no aumento das vendas. Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná.
Voltar ao topo