Chute errado dá última medalha de ouro ao Brasil em Atenas

A última medalha de ouro do Brasil na Paraolimpíada de Atenas, a 33ª da maior coleção trazida para o País desde o início da competição, em 1960, em Roma, foi conquistada de bico, num chute torto, que era para ter ido para a esquerda e acabou indo para a direita. Melhor: foi contra a Argentina.

Motivo suficiente para que os garotos do futebol de 5 para cegos fizesse uma festa emocionante, nesta terça-feira, em Glyfada, região praiana de Atenas. O jogo que decididu a medalha de ouro foi longo, cansativo, disputado por mais de duas horas sob sol escaldante.

O tempo regulamentar (50 minutos, 25 por 25), terminou 0 a 0, apesar das melhores chances criadas pelos brasileiros. Na prorrogação de cinco por cinco, nada de gol. Nos pênaltis, a primeira série de 5 também terminou empatada. Coube a Damião, paraibano como quase toda a seleção brasileira, marcar o gol da vitória por 3 a 2.

“Estou muito emocionado. Nosso guia deu um toque mais forte no pé da trave esquerda e resolvi chutar ali, mas peguei mal e a bola foi para o canto direito. Não interessa. Ganhamos e estou muito feliz”, disse Damião, que chorou abraçado aos companheiros assim que a partida terminou.

No futebol de 5 para cegos, além do time – em que só o goleiro tem visão normal, no caso do Brasil é Fábio, um ex-jogador de futebol de salão – o “chamador”, ou guia, é fundamental. O brasileiro Roberlei fica atrás do gol adversário orientando o time. Nos pênaltis, antes da cobrança, dá toques nos pés da trave e nos ângulos com uma moeda, para que o deficiente cobrador se oriente pelo som.

A medalha de ouro foi uma vingança dupla sobre os argentinos, que embora tenham perdido a semifinal para o Brasil no Futebol de 7, provocaram a expulsão de três brasileiros. Resultado: na final, a seleção perdeu da Ucrânia e teve de se contentar com a medalha de prata.

Por isso, os rapazes do Futebol de 7 (paralisados cerebrais) foram ao jogo desta terça-feira para torcer e invadiram o campo para vibrar com o time do Futebol de 5. Além do ouro, os brasileiros tiveram o artilheiro da competição, Joãozinho, que marcou 9 gols.

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