Casamento e família no convívio social

Sabe-se, lição clássica, que o ser humano é o personagem mais importante no cenário do universo. É titular de uma personalidade rica em virtudes, capaz de compreender o significado da vida e executar suas idéias para o convívio fraterno, solidário e pacífico humano outras dimensões em sociais(1).

Augusto Cury escreve: “Nunca pense que você é um ser comum e sem importância”. Acrescenta: “A vida é bela e inexplicável, mas vivê-la é uma arte”(2).

A família é a célula social e o casamento ou entidade, o seu fundamento maior, fonte originária de modelo jurídico e social de conduta, aquele descrito na lei; Ciência Ética e Moral(3). O poder da paciência e a arte da prudência constituem poderosas armas na conviviologia para prevenir ambiente de raiva, stress ou distress; conflito ou tortura psicofísica que pode ter repercussão até em acidentes de trânsito e confronto judicial. Se o casamento não vai bem, a família vai mal. Todos perdem. Logo, o amor deve ser a luz primeira e a bússola para apontar os horizontes da entidade familiar.

Amaral Fontoura conceitua: “A família é a célula da sociedade. É o grupo social fundamental, sobre o qual repousa todo edifício social”(4). A Constituição da República estabelece: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”(art. 226); e “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”(§ 3.º).

Pare por um instante e dê uma olhada ao seu redor! O que você vê? Um mundo repleto de juízo de valor, beleza; vê uma vida cheia de possibilidades, sonhos nascendo como sementes de sucesso no presente para construir o futuro, muitas vezes, exemplos da dignidade e cidadania nas relações humanas.
Sim, há desafios! Mas que podem ser resolvidos, sem parar, para alcançar a tribuna da escola dos vencedores.

Dante Donatelli salienta: “A vontade por si só, assim como a própria inteligência, é capaz de criar elaborações, mesmo que simples, acerca de valores e juízos”. E mais: “O amor como sentimento que ata a vida familiar é uma necessidade”(5). Deve-se exteriorizar o amor nas relações entre cônjuges e demais familiares.
Qual o segredo para uma pessoa ser feliz na vida familiar? O sábio Constâncio C. Vigil, destaca: “Ser hoje melhor do que ontem; e amanhã, melhor do que hoje, eis o grande objetivo da vida”; enquanto, José de Alencar, ensina: “O sucesso nasce do querer”(6).

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É agradecer a Deus todos os dias pelo milagre da vida!

Augusto Cury lembra: “O pior inverno pode anunciar a mais bela primavera. Sábia é aquela pessoa que consegue ver aquilo que as imagens não revelam. É a pessoa que, ao ver cair a última folha do inverno, é capaz de erguer os olhos e enxergar as flores da primeira que ainda não brotaram”. E diz mais: “Não precisamos revolucionar o mundo, mas devemos revolucionar as nossas vidas e de ver a vida”(7).

Portanto, as relações no casamento devem ser medidas pela grandeza que as rege e nunca pensar pequeno demais para criar obstáculos que podem destruir conquistas que triunfaram durante anos em todos os pontos cardeais do Planeta.
O casamento é uma instituição nobre afinada com o direitos, deveres e felicidade. O civilista Washington de Barros Monteiro cita Laurent que conceitua o casamento como “Fundamento da sociedade, base da moralidade pública e privada”; e Lessing, que dele diz ser a “Grande escola fundada pelo próprio Deus para a educação do gênero humano”; assim, como Schopenhauer: “Em nosso hemisfério monógamo, casar é per,der metade de seus direitos e duplicar seus deveres”(8).
Humberto Rodhen, filósofo e educador, que viveu de 1893 a 1981, conceitua: “Plante sementes de otimismo e de amor, para colher amanhã os frutos da alegria e da felicidade”. Baruch Spinoza, filósofo que viveu de 1632 a 1677, define: “A felicidade não é recompensa da virtude, mas a própria virtude”(9).
Qual o valor científico da felicidade? A psicóloga Lídia Rosemberg Aratangy, em entrevista à jornalista Sandra Brasil diz: “Precisamos reformular o conceito de felicidade. É fundamental lembrar que frustração é parte da bagagem humana, não um desvio de rota. A gente tem de aprender a tolerar frustrações como parte inerente das nossas escolhas. Tem de aprender a tolerar imperfeições. Ser feliz não significa ficar o tempo todo em estado de graça e, sim ter um balanço favorável do momento e enxergar uma possibilidade de futuro. […]. O amor tem muitos canais pelos quais o afeto pode se expressar”(10).

Conclui-se, como é bom conviver feliz, sorrir e enriquecer o casamento, a família, a qualidade e quantidade de vida!

O poeta Rainer Maria Rilke, que viveu de 1875 a 1926, conceitua: “Um sorriso não custa nada e proporciona tanto! O sorriso enriquece quem o recebe e não torna mais pobre quem o dá. Dura um momento, mas sua lembrança permanece para sempre. […] Um sorriso cria felicidade no lar, estimula a boa vontade no trabalho e é o símbolo da amizade”(11).

Notas:

(1)     SANTOS, Altamiro J. dos. Conviviologia Jurídica e Valores Sociais Trabalho-Capital, SP, LTR, 2005, p. 48.
(2)     Treinando a Emoção para Ser Feliz, Editora Academia de Inteligência, SP, 2001, pp. 32 e 177.
(3)     SANTOS, Altamiro J. dos. Direito de Segurança Pública e Legítima Defesa Social, SP, LTR, 2006, pp. 137 a 149.
(4)     Introdução à Sociologia, 1970, v.1, p. 248
(5)     A Vida em Família, 2006, pp. 52 e 56.
(6)     in Osmar Medeiros, apud Saber Pensa é Querer Muda, Curitiba-PR, JM Editora, 1997, pp. 26 e 214
(7)     A Pior Prisão do Mundo. 5.ª ed., SP, Academia Inteligência, 2000, pp. 202-203.
(8)     Curso de Direito Civil, 1972, 2.º v., p. 8.
(9)     A Essência da Felicidade, SP, Editora Martin Claret Ltda., 2005, pp. 28, 29 e 86.
(10)     Viva a Diferença, apud Revista Veja, SP, Editora Abril, 21.03.2007, pp. 14-15.
(11)     A Essência da Felicidade, SP, Editora Martin Claret Ltda., 2005, p. 36.

Altamiro J. dos Santos é jurista, escritor e conviviólogo. altamirojsantos@uol.com.br

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