Carbono mortal

Um membro da nobreza britânica, sir Nicholas Stern, economista de prestígio nos quadros do Ministério das Finanças, realizou minucioso estudo sobre a mudança climática ora em curso no planeta. Traduzindo a realidade para o campo da economia, seu ofício, o relatório de Stern adverte que se providências urgentes não forem tomadas agora, nos próximos dez anos o aquecimento global poderá ter um custo equivalente a US$ 7 trilhões.

O relatório em questão foi divulgado pela imprensa mundial, diante da seriedade das predições enumeradas pelo economista, sobretudo ao apontar para uma catástrofe ambiental sem precedentes, com pelo menos 200 milhões de refugiados, após suas casas serem destruídas por inundações ou abandonadas por estiagens inclementes.

Não é sem motivo que os meios de comunicação social tenham sido unânimes no emprego de termos escatológicos para descrever o brevíssimo futuro ambiental da Terra. Stern chega a clamar pela assinatura de um substituto para o Tratado de Kyoto, já no ano que vem, ao invés de 2010/2011, como está previsto. Como se sabe, o referido tratado visa diminuir as emissões dos gases alimentadores do efeito estufa, produzidos em maior escala pelos países industrializados.

Segundo cálculos do economista inglês revelados pelo jornal londrino The Observer, em alerta reproduzido por inúmeras publicações brasileiras, o mundo precisaria gastar cerca de 1% do PIB global – US$ 351,3 bilhões – para frear o ritmo da mudança climática. Caso contrário, esse custo poderá evoluir entre cinco e vinte vezes.

Stern chegou ao requinte de calcular o custo per capita do desastre apocalíptico. O dado é inquietante: cada um dos 6,5 bilhões de habitantes do planeta arcaria com a quantia de US$ 1.081.

Estados Unidos, China, Índia e Japão foram os maiores consumidores mundiais de petróleo em 2005, em contrapartida os maiores emissores de carbono. O drama foi descrito por Stern com a seguinte simulação: se a Inglaterra fechasse todas as usinas de energia, a redução global das emissões seria anulada em 13 meses pelo aumento das emissões chinesas.

Revertendo cenários inimagináveis há meio século, a aldeia global está prestes a mergulhar numa realidade só entrevista pelos antigos oráculos bíblicos.

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