Burocracia e inércia

Determinados assuntos são anátema para o governo presidido por Luiz Inácio Lula da Silva, que deles foge como o diabo da cruz. O principal, sem a menor sombra de dúvida, é o racionamento de energia elétrica previsto por especialistas do setor para 2011, de resto, um dos inúmeros capítulos desafiantes da agenda presidencial.

O setor privado deu a conhecer há poucos dias uma avaliação, na qual discorre que o risco de racionamento de energia, já no primeiro ano da próxima década, pode chegar a 32%. A afirmação foi recebida com a devida apreensão pelos setores específicos do governo federal e a primeira resposta veio no ato.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) exibiu dados para assegurar que os riscos do temido desabastecimento de eletricidade estão em conformidade com os padrões aceitáveis. A informação foi transmitida ao presidente da República pelo diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, em reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), realizada esta semana em Brasília.

Caso o crescimento do Produto Interno Bruto seja de 4% ao ano até 2011, segundo os cálculos de Chipp, corroborados pelo ministro interino das Minas e Energia, Nelson Hübner, o risco máximo de racionamento seria de 4% no sistema que abastece as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O governo considera aceitável o percentual de risco de até 5%.

O otimismo do governo leva em conta, entre outros fatores, ademais do andamento sem maiores empecilhos, a obediência rigorosa dos prazos estabelecidos para a execução das principais obras destinadas a gerar energia a partir de 2011, com o potencial somado de 16 mil megawatts. Entre as novas usinas hidrelétricas estão as de Estreito, Serra do Facão e Foz do Chapecó.

Outras medidas favoráveis consistem na venda de pelo menos 1,4 mil megawatts no leilão marcado para 2008 e o cumprimento do contrato da Petrobras com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), visando garantir o fornecimento de gás às usinas termoelétricas até 2011.

O governo tem dinheiro, mas precisa domar a burocracia, também conhecida como mãe da inércia.

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