Camberra, Austrália (AE-AP) – A cada vez mais forte, indústria de vinho da Austrália enfrenta mudanças drásticas, por conta do aquecimento global, com a elevação das temperaturas que prejudicam o paladar de rótulos importantes e lançando os produtores numa busca por climas mais amenos.
A sensibilidade das uvas viníferas – diferenças de um ou dois graus Celsius de uma estação para outra, podem representar alterações significativas na qualidade da produção – também faz do setor uma espécie de vítima antecipada de mudanças que ameaçam outras lavouras do sul da Austrália. ?Com relação ao aquecimento global, a indústria do vinho é canário na mina de carvão, porque é um dos indicadores mais sensíveis da mudança climática?, disse o viticultor e autor de livros sobre o cultivo da uva, Richard Smart.
As mudanças não deverão ameaçar – por enquanto – os quase 3 bilhões de dólares australianos (R$ 5 bilhões) anuais que as exportações de vinho rendem ao país. Mas os produtores precisam se precaver contra a perda de qualidade, advertem especialistas.
Modelos matemáticos que tentam prever os efeitos do aquecimento global indicam que as áreas mais afetadas serão os vinhedos irrigados dos Estados de South Australia, New South Wales e Victoria, que produzem os vinhos de consumo mais geral. Regiões que produzem vinhos de mais alta qualidade, como Hunter e Barossa, serão menos atingidas.
Smart diz que os produtores que se mudarem, agora, para novos terrenos terão vantagem no preço da terra, mas ele espera resistências à mudança. ?Pegue um lugar como o Vale Barossa, que hoje faz um Shiraz muito bom, eles não vão querer reconhecer que em 20 anos não estarão mais no melhor lugar para plantar Shiraz?, exemplifica.