Simon: “Não é por aí, Lula”

Brasília – Por entender que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro da Previdência, Romero Jucá, estão constrangendo o governo ao permanecer em seus cargos, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) os aconselhou, durante sessão plenária de ontem, a pedir demissão. Ele também recomendou que, em nome de sua biografia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceite a CPI que investigará denúncias de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

"Concordo com o ex-presidente Itamar Franco. O ministro da Previdência e o presidente do Banco Central têm que ter o espírito público de solicitar sua demissão, sua renúncia. Vejam o constrangimento que estão criando para o presidente; a situação difícil em que está o presidente. Eles deviam renunciar. Se isso não acontecer, que o presidente os demita, que o presidente aja no sentido de estabelecer o choque de ética que ele diz que quer para seu governo", discursou Simon.

Referindo-se à informação de que, ao voltar do Japão, Lula adotará medidas para inibir a corrupção, conduzindo um choque de ética no poder público e poderia até mesmo demitir os dois ministros, Simon observou ser essa a atitude mais sensata. "Queira Deus que essa notícia seja verdadeira", afirmou ele, expressando seu desejo de que, convivendo com uma civilização milenar, nessa visita ao Japão, Lula medite e tome tal decisão. "E eu apelo a Deus para que ilumine o presidente Lula. Peço a Deus que, nessa viagem ao outro lado do mundo, ele tenha a chance de desviar os olhos para ver, tenha oportunidade de ouvir, não o que diz o chefe da Casa Civil, pois não é por aí, Lula", disse o senador gaúcho.

Em sua argumentação, Simon afirmou que, se o grupo palaciano tivesse tido êxito em retirar as assinaturas que propiciaram a criação da CPI, quando o presidente chegasse ao Brasil esse grupo iria ao aeroporto anunciar vitória. "Mas, Lula, será que essa vitória seria realmente uma vitória?", questionou o senador, pedindo que o presidente reflita sobre isso.

E acrescentou: "Meu amigo Lula, será que quando os historiadores escreverem tua biografia, magnífica obra da tua vida, da tua história, será que essa página de não ter deixado criar uma CPI, agindo com verbas, com favores, com ameaças, será que seria uma página bonita da tua biografia, Lula? Será que teus netos se orgulhariam dela? Será que tu recordarias isso com alegria?". Simon aconselhou o presidente a não se deixar levar nem pela mágoa nem pelo rancor. Pediu ainda que ele ouça outras pessoas e não apenas aqueles que estão a sua volta. 

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