O governo pretende entregar ao Congresso o projeto de privatização dos Correios no início de 2021. Nesta quarta-feira (14), o ministro das Comunicações, Fábio Faria, entregou o texto à SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos).

continua após a publicidade

De acordo com o ministério, o projeto de lei permite o processo de privatização dos Correios, estabelecendo a organização e a manutenção do Sistema Nacional de Serviços Postais.

LEIA MAIS – Correios desperta interesse de gigantes como Magalu, Amazon e FedEx; veja as razões

Para chegar ao Legislativo, o projeto ainda precisa do aval da Casa Civil. Ainda será preciso aguardar também quatro meses para que uma consultoria contratada pelo BNDES conclua estudos de modelagem de negócio.

continua após a publicidade

“A consultoria vai ficar pronta em cerca 120 dias. Então, estamos falando para 2021, o projeto chegar no começo do ano que vem e, até o final de 2021, a ideia é de votarmos e que os Correios estejam prontos para o processo de privatização”, disse Fábio Faria, após a entrega do projeto.

Segundo a pasta, dentre as diretrizes estabelecidas na proposta de regulação está a obrigatoriedade, por parte da União, de garantia da prestação do Serviço Postal Universal por meio de empresa estatal, a celebração de contratos de concessão comum ou celebração de contratos de concessão patrocinada.

continua após a publicidade

Em nota, o ministério informou que as atividades dos serviços postais pela iniciativa privada serão baseadas nos princípios constitucionais da atividade econômica e terão por objetivo viabilizar o cumprimento das leis, em especial das relativas aos serviços postais, à ordem econômica e aos direitos dos consumidores.

LEIA TAMBÉM – Corte de jornada e salário será prorrogado pelo governo por mais dois meses

De acordo com a pasta, o projeto permite que serviços prestados no âmbito do Sistema Nacional de Serviços Postais sejam explorados em regime privado, mas respeitando o artigo da Constituição que estabelece à União manter o serviço postal, o que será delegado ao Operador Postal Designado no decorrer do processo de privatização.

O ministério informou ainda que caberá a ele coordenar a elaboração de política para melhoria dos serviços postais, bem como da Política Postal Brasileira e do Plano Geral de Metas para a Garantia da Prestação do Serviço Postal Universal.

Pelas informações divulgadas, o projeto também estabelece a criação de uma Agência Nacional das Comunicações, que substituiria a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que, pela proposta, passará a regular também os serviços do Sistema Nacional de Serviços Postais.

Privatização de estatais

O Ministério da Economia estuda a criação de um mecanismo para aplicar em obras públicas e programas sociais parte do dinheiro arrecadado com a privatização de estatais. O objetivo é reduzir as resistências no Congresso à venda dessas empresas e ganhar apoio dentro do governo.

A ideia é criar um fundo de desinvestimento, que seria alimentado por uma fatia dos recursos das privatizações e da venda de imóveis da União. O dinheiro, então, seria direcionado para essas finalidades.

LEIA AINDA – Caixa paga Abono Salarial de até R$ 1.045 nesta quarta-feira

Inicialmente, o ministro Paulo Guedes (Economia) defendia a venda de ativos públicos com a finalidade de abater a dívida pública do país. Estimativa da pasta aponta que o governo tem R$ 1 trilhão em estatais e R$ 1,2 trilhão em imóveis.

A venda das companhias, no entanto, não saiu do papel no governo Jair Bolsonaro. Uma das prioridades da atual gestão, a perda de controle da Eletrobras segue travada no Congresso desde o governo do então presidente Michel Temer.

Nas últimas semanas, Guedes chegou a dizer que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teria se aliado à esquerda para travar a pauta de privatizações.

Segundo o ministro, o governo teria feito, nos últimos meses, um acordo para a venda da Eletrobras, dos Correios e do Porto de Santos, além de poços de exploração da PPSA (Pré-sal Petróleo) avaliados em US$ 100 bilhões -o equivalente a mais de R$ 560 bilhões.

LEIA MAIS – Lei que permite 40 pontos na CNH e muda o Código de Trânsito é sancionada por Bolsonaro

No entanto, parlamentares teriam afirmado que só seria possível quebrar o monopólio dos Correios, sem a venda de nenhuma das companhias.

Bandeira de Guedes desde a campanha eleitoral de 2018, uma privatização em massa de ativos da União enfrentou resistências dentro do governo e do Congresso. Ele chegou a prometer, em julho, a venda de quatro grandes estatais até o início de outubro, mas o ministério admitiu que esse prazo não foi suficiente.

Frustrado com a falta de ritmo desse plano, o empresário Salim Mattar pediu demissão da Secretaria de Desestatização do governo em agosto. Ele disse faltar “vontade política” para vender as companhias.

Em setembro, o próprio Bolsonaro barrou os planos da equipe econômica para privatizar a Casa da Moeda.