Prisão de acusados por morte de estudante é prorrogada

A Justiça de Campinas prorrogou nesta segunda-feira, 16, a prisão preventiva de dois dos três acusados pela morte do estudante Denis Papa Casagrande, de 21 anos. O pedido do Ministério Público (MP) de Campinas foi acolhido durante a audiência de instrução do caso realizada na tarde de segunda-feira, que colheu a prova do inquérito policial e ouviu 12 testemunhas da acusação e da defesa. O universitário foi esfaqueado e espancado durante uma festa clandestina dentro do campus da Unicamp, no dia 21 de setembro.

Na entrada do Fórum de Campinas, a família de Casagrande estendeu faixas pedindo paz e “prisão para os assassinos”. “O meu presente de natal esse ano será a justiça para meu filho”, disse a mãe, Maria de Lourdes Papa Casagrande. A família de Mario dos Santos Sampaio – morto a facadas no Guarujá no final do ano passado, pelo dono de um restaurante e o filho após uma discussão pelo valor da conta – apoiavam o ato.

Dois dos réus – o casal Maria Teresa Pelegrino, de 20 anos, e Anderson Mamede, de 21 anos – cumprem prisão preventiva desde outubro. André Motta, de 22 anos, terceiro indiciado e maior de idade também esteve presente na audiência – ele responde em liberdade.

No total, foram listadas 17 pessoas – entre elas, duas que moram fora da cidade e serão ouvidas na segunda fase da audiência, marcada para o dia 15 de janeiro. A audiência de instrução é uma fase pré-julgamento, e indica como caso deve ser julgado, incluindo o júri popular. No dia 15, os réus também devem ser interrogados. Há ainda uma terceira testemunha que ainda não teve o endereço indicado à Justiça. O prazo para indicação da defesa é de três dias.

Para o promotor do MP, Fernando Vianna, os depoimentos colhidos nesta segunda-feira confirmaram o inquérito policial, que indica que Denis Casagrande levou uma facada no peito – de Maria Teresa – e foi espancado pelo grupo de punks que estavam com ela. Após ser esfaqueado, o rapaz teria recebido ainda na nuca um golpe de skate de Anderson.

Uma testemunha – que estava com a acusada na festa – afirmou que o rapaz não reagia aos empurrões e pontapés que levou. Ela e mais sete testemunhas da defesa são protegidas pela Justiça. “Foi tamanha crueldade que alguns elementos do grupo saíram do movimento após o ocorrido”, afirmou o promotor.

Durante o processo policial, Maria Teresa confessou ter dado uma facada no peito do estudante e alegou legítima defesa. Além dela, mais quatro pessoas foram denunciadas por homicídio doloso triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel, com recurso que dificultou a defesa).

Os maiores de idade podem ser condenados até 20 anos de prisão. Os dois menores serão encaminhados para a Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Casa) e podem ficar até três anos internados. Um deles tem 15 anos e o outro 18, mas no dia do crime tinha 17.

Defesa.

A defesa de Maria Teresa – o advogado Rafael Augusto – afirmou que as testemunhas tiveram versões conflitantes e contam fatos que não existem. O advogado afirmou que em todo momento a acusação se debruçou em uma alegada culpa dela, transformando-a em uma nova Suzane Von Richthofen. “Mas isso não é verdade. Maria não é uma assassina fria”, disse.

O advogado de Anderson Mamede – Alessandro Santana de Carvalho – afirmou que a audiência confirmou que Maria Teresa causou a morte de Denis, com o golpe de faca antes do espancamento. Em relação ao fato de Anderson ter batido no vítima com um skate, o advogado afirmou que é “conflitante”, uma vez que algumas testemunhas declararam não lembrar dele.

O advogado de André Motta, Artur Mathias, afirmou que está claro que o cliente não participou do crime e que provavelmente foi “confundido” com outra pessoa. Ele disse ainda que uma testemunha da defesa será ouvida na próxima audiência.

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