Preso o rei do contrabando

São Paulo

– Uma ação conjunta entre a Polícia Federal, o Ministério Público e a Receita Federal acabou, ontem de madrugada, com a prisão e o desmantelamento do bando de Roberto Eleutério da Silva, o Lobão, líder de uma quadrilha internacional de fabricação e contrabando de cigarros, com sede em São Paulo. Segundo a PF, Lobão praticamente monopolizava o mercado dos chamados “cigarros barbantes” (de marcas pouco conhecidas, vendidos a baixo preço e que não pagam o Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI). Estima-se que os contrabandistas arrecadavam mais de US$ 2 milhões por semana e cerca de R$ 800 milhões por ano.

Outros quatro chefões ligados a Lobão também foram presos: Tânia dos Santos, Marcelo Stracieri Barbosa, Tony Dias Eleutério da Silva, irmão do líder, todos detidos em São Paulo, além de Max Scalone Barbosa, que coordenava as ações do bando no Ceará.

Bando

A prisão da quadrilha resultou de investigação que começou em dezembro. Ontem, os agentes da Receita e Polícia receberam e fizeram cumprir os cinco mandados de prisão e os 29 mandados de busca e apreensão em escritórios e comércio em quatro Estados (Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba e São Paulo). Esses estados eram os principais pontos de distribuição dos cigarros contrabandeados. Nos lugares, não divulgados pela PF, foram encontrados documentos que comprovam a participação no esquema de servidores públicos, delegados, juízes e até parlamentares estaduais e federais. Os nomes e o conteúdo dos documentos não foram revelados.

Segundo o procurador da República de Brasília, Guilherme Schelb, a quadrilha vem agindo desde de 1977. “Eles atuam principalmente no contrabando de cigarros, mas há indícios de sua atuação também na adulteração de combustíveis.” Ainda de acordo com Schelb, a quadrilha arrecada aproximadamente R$ 800 milhões, dos cerca de R$ 1 bilhão que o mercado de “cigarros barbantes” movimenta por ano.

Fábricas

O delegado da PF, Reinaldo de Almeida César, disse que o bando dispõe de fábricas de cigarros, transportadoras, galpões para armazenamento e distribuidoras desses produtos no comércio. “Eles fabricavam selos da Receita Federal e depois, com a conivência de fiscais corruptos, distribuiam o material pelo Brasil e até para países como Paraguai, Argentina e até Estados Unidos”, disse.

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