Polícia Federal prende 17 por golpes no mercado financeiro

Um esquema de estelionato bem articulado que ultrapassava as fronteiras do Brasil e chegava a investidores que atuavam no mercado financeiro norte-americano foi desmantelado nesta segunda-feira (25) pela Polícia Federal. A operação, batizada de Pirita, que ocorre simultaneamente em São Paulo, Rio de Grande do Sul e Estados Unidos, tem como objetivo desmontar uma quadrilha que aplicava golpes em investidores europeus, asiáticos e australianos – tanto pessoas físicas como jurídicas. A quadrilha contava com o apoio de um escritório instalado em São Paulo, os chamados "boiler rooms", que contavam com equipamentos de alta tecnologia e operadores de telemarketing bilíngües.

Dos 27 mandados de prisão temporária e três de prisão preventiva expedidos pela juíza Sílvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal nas três localidades, 17 haviam sido cumpridos até o início desta tarde – sendo 15 no Estado de São Paulo e dois em Miami, nos Estados Unidos. Entre os detidos, estão um advogado, doleiros e um dos suspeitos de chefiar a quadrilha. Além disso, foram determinadas 35 ordens de busca e apreensão.

Segundo a PF, o golpe da quadrilha era arquitetado da seguinte forma: os integrantes alugavam escritórios em São Paulo – recentemente transferidos para Buenos Aires e com uma filial no Estado brasileiro – e através de páginas fraudulentas na internet e sistema de sistema de comunicação por voz pela internet eles entravam em contato com os investidores dos países e se predispunham a comprar ações de baixa liquidez a valores bem acima dos oferecidos no mercado. "Ainda não sabemos como eles conseguiram a lista desses investidores. Estamos investigando a origem dessa lista", afirmou Karina Mirakami Souza, delegada da Polícia Federal e coordenadora das investigações.

Para efetivar o negócio, o investidor era obrigado a depositar antecipadamente o valor referente a taxas de corretagem e impostos em contas nos Estados Unidos, com a promessa da restituição do dinheiro, o que não acontecia. Esse dinheiro era transferido para outras contas, com o intuito de não deixar nenhum rastro suspeito. "Eles lucravam com esse depósito antecipado. Eles enrolavam as vítimas, comportamento típico de estelionatário", declarou Karina.

Por fim, o montante chegava ao Brasil por meio de doleiros, que eram responsáveis por repassá-lo a uma equipe especializada em lavagem de dinheiro. Esse grupo colocava os valores no mercado através de construções de imóveis, que também foram superfaturados no mercado brasileiro. A Polícia Federal estima que o prejuízo pode chegar a US$ 50 milhões.

As investigações que deram origem à Operação Pirita da PF começaram há mais de um ano no Brasil e há mais de três anos nos Estados Unidos. Os principais crimes cometidos pelas quadrilhas são estelionato, evasão de divisas e operação de instituição financeira sem a competente autorização, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. As penas podem chegar a 33 anos de reclusão.

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