Polícia Civil do Rio indicia Waldomiro Diniz

Rio – A Polícia Civil do Rio de Janeiro indiciou ontem, por corrupção passiva, o ex-assessor da Presidência da República Waldomiro Diniz. Ele presidiu a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj) entre 2001 e 2002, nos governos de Anthony Garotinho (PMDB) e Benedita da Silva (PT). Também foi indiciado o “banqueiro” do Jogo do Bicho Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Os indiciamentos foram anunciados pelo delegado da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Milton Olivier. Segundo ele, a base para a ação foi a reportagem publicada pela revista Época, em 13 de fevereiro. Na matéria, o bicheiro Carlinhos Cachoeira aparece recebendo pedido de propina do então presidente da Loterj. A revista apresenta uma fita, que teria sido gravada pelo Carlinhos Cachoeira, onde há oferta de um e aceitação da oferta do outro. “E até pedido de dinheiro, vantagem econômica indevida para praticar ou deixar de praticar ato de ofício indevidamente”, disse o delegado.

No inquérito instaurado, Waldomiro Diniz está sendo indiciado por corrupção passiva. Carlinhos Cachoeira, por corrupção ativa. A pena prevista para ambos, casos sejam condenados, é de 3 a 8 anos de reclusão, podendo ser agravada em até 1/3.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares será chamado pela Polícia Federal (PF) do Rio para detalhar todas as informações que tem sobre o suposto envolvimento do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz num esquema de arrecadação de propina dos bingos, quando presidiu a Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj). Soares disse ontem que, em 2002, foi informado de que Diniz recebia R$ 300 mil reais por mês em gratificações pagas pelas casas de jogos do Estado.

O ex-secretário nacional de Segurança Pública foi candidato a vice-governador do Rio na chapa da ex-ministra de Assistência e Promoção Social Benedita da Silva, que tentava a reeleição como governadora. Soares disse ter alertado o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, na época, coordenador da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci. O ex-secretário nacional de Segurança revela ainda ter contado a Benedita, que chorou muito, segundo ele, mas não afastou o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil da presidência da Loterj, cargo que ocupava desde fevereiro de 2001, no governo do atual secretário de Segurança Pública do Estado, Anthony Garotinho.

MPF já pode prender Waldomiro

Brasília

– O Ministério Público Federal já tem elementos para pedir a prisão preventiva do ex-subchefe de Assessoria Parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz, na opinião do procurador da República Luiz Francisco de Souza. Responsável pela investigação de alguns dos maiores escândalos recentes do país, Luiz Francisco acha que a Justiça deveria, também, quebrar imediatamente o sigilo telefônico, bancário e fiscal do ex-assessor. “São veementes os indícios de enriquecimento ilícito e corrupção atribuídos ao ex-assessor. Só resta saber até que ponto as denúncias comprometem o ministro José Dirceu (chefe da Casa Civil, ex-chefe de Diniz)”.

Os argumentos legais para o pedido de prisão, para o procurador, vão além das fitas de vídeo, divulgadas há duas semanas pela revista Época, em que Diniz aparece achacando dinheiro do bicheiro Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público já constataram indícios de enriquecimento ilícito, sonegação de imposto e prevaricação atribuídos ao ex-assessor no período em que ele já atuava no governo, a partir de janeiro de 2003.

A prisão preventiva é justificada, conforme Luiz Francisco, para garantir a tranqüilidade e a lisura das investigações. Com o ex-assessor livre, provas poderão ser removidas e álibis fabricados, entende o procurador. A pedido do Ministério Público, esse recurso foi empregado recentemente no inquérito da chamada Operação Anaconda, em que três juízes e cinco policiais federais foram presos por envolvimento com contrabando. Também foi mandada para a cadeia a quadrilha que lesava a Receita, no Rio, no escândalo Propinoduto.

Segundo Luiz Francisco, já há elementos que comprovam o enriquecimento ilícito do ex-assessor.

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