Lula recebe sem-terra em sua casa

Passava das 21 horas de sábado quando o sem-terra Ivanir Queiroz de Mendonça Filho foi chamado pelo porteiro do prédio onde mora o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo do Campo. Mendonça Filho acabara de receber a notícia mais esperada de sua passagem por São Paulo: depois de uma semana seguindo Lula, fazendo plantão diante de sua casa e comitê, o presidente eleito, enfim, o atenderia pessoalmente.

O encontro, no saguão do prédio, durou cerca de 40 minutos. Lula ouviu as reivindicações do sem-terra, que veio à capital paulista representando o assentamento do Juma e Acari, em Apuí, no Amazonas, e prometeu encaminhar as reivindicações. “Pedimos uma minisserraria e apresentamos um projeto de assessoria técnico-agrícola com a formação de associativismo rural. Lula gostou”, disse. Segundo ele, as associações reúnem até 150 famílias e já têm orientação de profissionais para temas como análise e aproveitamento do solo.

Para conseguir o encontro, o sem-terra disse que dormiu na calçada de sexta-feira para sábado. “O Lula entrou na garagem por volta das 3 horas (de sábado), saiu de manhã às 10 horas, voltou no mesmo dia por volta das 20 horas e me viu lá todas as vezes”, disse. Hoje, Lula pediu ao seu motorista para buscar Mendonça Filho no hotel onde ficou hospedado, em São Bernardo, e levá-lo a seu comitê, na Vila Mariana. Lá, o sem-terra reuniu-se com um assessor do presidente eleito e entregou as reivindicações por escrito e pediu para ele entrar em contato com a Presidência em janeiro.

O assessor providenciou o pagamento da hospedagem (cerca de R$ 200, por quatro dias) e da passagem de volta a Porto Velho, cidade mais próxima de Apuí, a cerca de 600 quilômetros. Mendonça Filho e o sem-terra João Luiz Carriço, que o acompanhou na viagem, embarcaram nesta segunda-feira.

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