Lula: falta política contra a fome

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem os governantes que não têm vontade política de acabar com a fome. Lula discutiu programas na área social com o diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Jacques Diouf, na cerimônia de assinatura de acordos entre o governo do Brasil e a entidade internacional. Diouf agradeceu ao presidente Lula “o exemplo dado ao mundo, quando decidiu que a prioridade de seus quatro anos de governo é acabar com a fome no Brasil”. Diouf disse que outro exemplo de Lula foi ter suspendido a compra de aviões militares.

Lula atacou em seu discurso a elite e a imprensa do país: “lamentavelmente a elite brasileira, e dentro dessa elite a nossa gloriosa imprensa, estão acostumados com outro tipo de governo. Com governo que todos os recursos disponíveis são para entidades que necessariamente não devem precisar do Estado. E nós queremos fazer o contrário. Queremos usar todo o potencial que o Estado tiver para fazer políticas públicas na tentativa de devolver para o povo cada centavo em forma de um benefício, que signifique para ele ser tratado com dignidade e com respeito que todo ser humano tem”.

“O combate à fome só vai acontecer de verdade, no mundo, quando a fome for transformada num problema político. E, quando falo num problema político, não é o de filiar os famintos a um partido. Quando falo em um problema político quero dizer quando os famintos começarem a preocupar os governantes. Um faminto, a pessoa que está desnutrida e com fome, não tem sindicatos, não tem partido político. Às vezes, são levados para votar, tratados como se não fossem seres humanos”, disse Lula.

O presidente encerrou seu discurso afirmando que é “um sonhador por natureza” e que acredita que “haverá um dia no planeta Terra governantes que, ao contrário de querer produzir uma bala para matar alguém, estejam dispostos a incentivar a plantar um pé de feijão para salvar alguém. O dia em que nós conseguirmos isso a humanidade terá conseguido chegar ao tão sonhado paraíso que todos nós buscamos”.

Na cerimônia estiveram presentes os ministros da Casa Civil, José Dirceu, da Integração Nacional, Ciro Gomes, da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano da Silva, além de dois ministros interinos.

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