Haiti domina a cena do Grupo do Rio

Rio – A situação do Haiti dominou a declaração final da reunião do Grupo do Rio, encerrada ontem. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, dos 22 parágrafos que compõem o documento, seis tratam dessa questão. O grupo decidiu atuar com as instituições financeiras internacionais e os países doadores “a fim de que haja uma pronta liberação dos recursos comprometidos, para a estabilização e o desenvolvimento do Haiti”.

O chanceler disse ainda, durante entrevista coletiva à imprensa após a sessão de encerramento da 18ª Reunião do Grupo do Rio, que foi firmado o compromisso de promover um encontro até o dia 20, quando serão debatidas prioridades e definidas tarefas em matéria de cooperação econômica e diálogo político. Segundo Amorim, a idéia é que a presença de países da América do Sul e do Caribe no Haiti promova uma “construção política nova, verdadeiramente democrática, com a participação do povo e de todas as correntes políticas”.

O ministro garantiu que o Grupo do Rio, formado por 19 países da América Latina e do Caribe, está assumindo o papel de sujeito da história na questão do Haiti. “É claro que o tema que absorveu mais tempo foi o do Haiti, até porque é um assunto muito difícil. O Grupo do Rio nunca discutiu o tema do Haiti como está discutindo hoje. Não fosse a decisão corajosa e até polêmica de alguns países, de estarem presentes no Haiti, o Grupo do Rio jamais estaria tratando o problema como tratou neste encontro”, disse.

Em referência a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o país, Amorim ressaltou o fato de que, até então, o Haiti era tratado como tema de interesse apenas das grandes potências: “O presidente Lula disse durante a reunião que é preciso latino-americanizar a questão do Haiti, aí incluído o conceito do Caribe. E foi isso que ocorreu aqui. Até então, os países latino-americanos e caribenhos entravam no processo apenas como auxiliares. Agora nós estamos assumindo o papel de sujeitos da história. E isso recoloca o Grupo do Rio em sua vocação principal, de ser um grupo de consenso político”.

O ministro também confirmou que o governo brasileiro vai enviar um emissário à África do Sul para estabelecer um canal de negociação com o presidente deposto do Haiti Jean-Bertrand Aristide. Segundo Amorim, a idéia é aproveitar a influência do ex-presidente para buscar uma solução pacífica. Para ele, é preciso fazer algo que nunca houve no Haiti. Não é uma reconstrução, mas sim uma construção institucional no país e também do desenvolvimento econômico do Haiti, disse ele. “O Haiti, como temos dito no passado, não pode ser o filho enjeitado da América Latina”, concluiu o brasileiro.

Voltar ao topo