Coleta clandestina espalha lixo pelas ruas de São Paulo

À noite, uma frota de caminhões clandestinos de lixo percorre as ruas de São Paulo em busca de material reciclável. São os chamados “morcegões”, caminhões sem identificação que recolhem produtos recicláveis separados pelos moradores para levar a centrais de triagem. Pelo caminho, deixam um rastro de sujeira nas ruas da capital paulista. Também trazem prejuízo às 16 cooperativas conveniadas com a Prefeitura – os sacos de lixo abandonados nas ruas chegam a ter valor de 20% a 30% menor do que o material recolhido nos condomínios.

Os veículos irregulares – caminhões das décadas de 1970 e 1980, com placas apagadas ou escritas à mão – aproveitam-se da ineficiência da rede de coleta seletiva na cidade, que conta com 66 caminhões. Seriam necessários 500. “O resultado é que o material mais valioso não chega às cooperativas. É um dos motivos para a dificuldade que têm em se manter”, afirma René Ivo, coordenador da Coleta Seletiva Solidária do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos.

Como nunca houve fiscalização específica, a Prefeitura não sabe o número de caminhões que circulam na cidade – na estimativa das empresas de coleta, Loga e Ecourbis, são “ao menos cem”. Para as cooperativas de reciclagem, “são centenas”. “Vêm toda noite e pegam o que interessa. Deixam o resto para trás, de qualquer jeito”, diz o comerciante Joaquim de Araújo, de 55 anos, proprietário de um posto de gasolina nos Jardins.

Denúncia

Segundo o Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb), não há previsão de operações específicas contra os clandestinos. “A maioria deles é contratada por estabelecimentos que são grandes geradores de lixo e não respeitam a legislação”, informou, em nota. A fiscalização, nesses casos, atua somente em caso de denúncia ou flagrante.

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