Câmara apura morte de mendigos

Brasília – A Câmara dos Deputados vai criar uma comissão externa para acompanhar as investigações sobre os ataques a moradores de rua na cidade de São Paulo, disse ontem o presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, deputado Wanderval Santos (PL-SP). O requerimento para criação da comissão, de acordo com o deputado, será apresentado extra pauta na reunião de hoje, prevista para as 14h.

O deputado Wanderval Santos cobrou rigor nas investigações feitas pela polícia de São Paulo e criticou o estado de insegurança no País. “É mais uma tragédia com pessoas que não têm o apoio do Estado. Entre os moradores de rua há até pessoas com diplomas universitários. Eles não estão ali porque querem, são pessoas que não têm um emprego, não têm assistência e, agora, são vítimas dessa violência”, disse o parlamentar.

Outra comissão que pode votar pedido para criação de comissão externa para investigar o caso é a de Direitos Humanos da Câmara. O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP) deve apresentar requerimento neste sentido. Ele afirma que os episódios em São Paulo lembram a chacina da Candelária, ocorrida em 1993, no Rio de Janeiro. O parlamentar diz não descartar o envolvimento de policiais nas mortes dos desabrigados de São Paulo.

O Ministério da Justiça colocou à disposição da polícia de São Paulo e do Ministério Público o Programa Federal de Proteção à Testemunha para incentivar depoimentos de pessoas que possam ter presenciado a morte de moradores de rua no centro da capital paulista. “Há possibilidade de alguém ter visto o que ocorreu”, disse o ouvidor-geral da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Pedro Montenegro. “A testemunha que se sentir incomodada em dar informações poderá contar com proteção especial.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem os assassinatos de moradores de rua ocorridos em São Paulo de “barbárie”. Ao deixar a sede do Congresso chileno, onde almoçou, Lula disse que “quem está praticando isso deve estar tomado de uma insanidade inexplicável”. O presidente está em visita oficial ao Chile e hoje vai para o Equador.

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