Ataque em igreja

Tiroteio e mortes em Campinas não mudam ideia de liberar armas, diz ministro de Bolsonaro

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O ministro extraordinário da Transição, Onyx Lorenzoni, afirmou que o tiroteio que terminou com cinco pessoas mortas na Catedral Metropolitana de Campinas (SP) não vai mudar a disposição do futuro governo em liberar a posse de armas de fogo no país. “São coisas completamente diferentes”, disse.

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Para Onyx, os governos do PT, com o auxílio do MDB, desrespeitaram a vontade da população que votou contra o desarmamento no referendo sobre o tema em 2005. “O presidente [Jair Bolsonaro] pretende respeitar a vontade expressa pela maioria da população naquele momento, o direito à legítima defesa. Vamos respeitar isso dentro da lei”, disse.

O ataque de terça-feira (11) que deixou seis mortos (incluindo o atirador, Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos), ocorre no momento em que o país debate a ampliação do porte e da posse de armas, uma das principais bandeiras do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O acusado portava duas armas: uma pistola 9 milímetros e um revólver calibre 38.

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Após tomar posse, em janeiro, o governo pretende acelerar a votação de projetos no Congresso que flexibilizam o porte de armas no Brasil, reduzindo amarras do Estatuto do Desarmamento que hoje restringem o acesso. A percepção é de que, enquanto os criminosos estão armados com equipamentos de última geração, o cidadão de bem está desamparado, sem o direito de se defender com uma arma de fogo.

Outras opiniões

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, não vê com bons olhos a flexibilização do porte de armas. “O que aconteceu em São Paulo é extremamente preocupante e o Brasil precisa ter políticas públicas para o combate desse tipo de situação. Mas não vejo armar as pessoas como uma forma de minimizar problemas na área de segurança pública”, afirmou.

O presidente da OAB aponta para uma outra direção no enfrentamento à violência no país. Segundo ele, o grande problema da segurança pública nacional é decorrente da falta de controle do sistema prisional, que seria o celeiro do crime.

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“Precisamos que o setor público retome a administração do sistema penitenciário brasileiro. Vimos ao longo dos anos, em vários governos, a falta de uma visão mais efetiva na gestão dos presídios. O crime começa dentro dos presídios, temos pessoas que deveriam estar presas sob tutela e controle do Estado, mas essas pessoas dão ordens para o crime organizado lá fora”, afirmou.

Lamachia exemplificou o caso da penitenciária federal de Monte Cristo, em Roraima, que ele tentou vistoriar, mas não pôde, pela incapacidade de o Estado garantir a segurança na visita. A entrega de comida no presídio, segundo ele, é feita com um carrinho sendo entregue por uma porta, com a escolta de policiais. “O poder público não tem controle do presídio de Monte Cristo. Os presos estão soltos dentro do pátio. É inadmissível”, disse.

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No Twitter, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), relacionou o ataque em Campinas com as propostas do presidente eleito sobre armamento. Para Gleisi, o país pode ter crimes como esse em frequência, em uma situação semelhante à que ocorre os Estados Unidos. “Assassino sofria de depressão. Estava desempregado desde 2014. Se liberar armas e continuar incitando violência o novo governo vai tornar isso recorrente”, escreveu a dirigente petista.

Também pela rede social, no mesmo dia do ataque, Bolsonaro se solidarizou com as famílias das vítimas do atirador de Campinas. “Estamos acompanhando a apuração das autoridades sobre o crime bárbaro cometido hoje na Catedral Metropolitana de Campinas, em São Paulo. Nossos votos de solidariedade às vítimas dessa tragédia e aos familiares”, escreveu ele, que foi vítima de um atentado a faca, em setembro, quando participava de um ato de campanha em Juiz de Fora (MG).

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