Alencar muda de partido para continuar vice de Lula

Brasília – Cortejado por vários partidos, inclusive o PMDB, o vice-presidente da República e também ministro da Defesa, José Alencar, optou por se filiar ao recém-criado Partido Municipalista Renovador (PMR). Com registro definitivo já aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a legenda deverá trocar de nome na sua próxima convenção nacional para Partido Republicano (PR). O novo partido é ligado à Igreja Universal, do bispo Edir Macedo.

Observadores garantem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convenceu o vice-presidente da República e ministro da Defesa José Alencar a se filiar ao recém-criado Partido Municipalista Renovador (PMR) da Igreja Universal. Alencar negociou sua ida para o PSB do deputado Eduardo Campos (PE), neto do ex-governador Miguel Arraes, e com o PMDB do deputado Michel Temer (SP) e dos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP).

Lula soube das negociações e disse para Alencar não fazer nada disso. Argumentou com o vice que o PSB apoiará sua reeleição em 2006. E que o PMDB ainda não se decidiu se o apoiará ou se disputará a eleição com candidato próprio. O presidente Lula não confia no PMDB, que pode apresentar candidatura própria para o Palácio do Planalto no ano que vem. Com o novo partido, Lula pode garantir Alencar como vice e o apoio da comunidade evangélica. Quem corre riscos é o próprio Alencar, pois pode deixar de ser vice se o PMDB vier a apoiar Lula e pedir a vice para o senador Renan Calheiros. Mas Alencar preferiu correr o risco.

O senador Marcelo Crivella (RJ), bispo da Universal, também entrou para o PMR. Ele e Alencar deixaram o PL de Valdemar Costa Neto quando o partido deu sinais de que se afastará do governo Lula e de que poderá vir a apoiar no próximo ano a candidatura de Garotinho a presidente da República. Assessores de Alencar informam que ele ainda não decidiu seu destino político no próximo ano, mas ressaltam que uma legenda "zero quilômetro" abre uma ampla avenida para que possa escolher seu caminho. Alencar saiu do PL no início de setembro. Na ocasião, ele alegou que deixava a legenda por causa da crise política e que se sentia "contrariado e desconfortável" diante das denúncias envolvendo políticos do PL e de outros partidos. A gota d’água foi a proposta que nasceu dentro do PL de rediscutir o apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele argumentou que não poderia concordar com isso.

"Essa situação, essa grave crise política nacional, tem me trazido grande contrariedade e desconforto. Estou realmente passado com essa situação que está aí. Sempre tive a minha consciência de que a vida pública é de doação, de sacrifício, onde não há espaço para que ninguém se utilize dela para locupletar-se ou para exercer qualquer atividade ilícita. Isso me aborrece profundamente e essa é a razão principal de minha desfiliação", disse, ao sair de seu gabinete no dia 2 de setembro, data de seu desligamento do PL.

Alencar recebeu convites para se filiar a pelo menos cinco partidos, incluindo o PMDB, do qual já fez parte. PFL, PSB, PPS e PDT também disputaram o passe do vice-presidente e já tinham formalizado convite antes mesmo de ele sair do PL. 

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