Alckmin fala como se já fosse candidato

O governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) surpreendeu, na noite de segunda-feira, ao responder a uma pergunta: se ele é pré-candidato à Presidência da República? "Sou", respondeu de pronto, à indagação do jornalista Paulo Markun, apresentador do programa Roda Viva, da TV Cultura, causando frisson entre os entrevistadores. Por causa da data de desincompatibilização, ele prevê que até março o PSDB defina quem será o candidato à presidência. "Não há razão para fazê-lo agora, mas acredito que no primeiro trimestre do ano que vem o PSDB decidirá."

Defendendo de forma firme a própria candidatura, Alckmin disse que o Brasil já está preparado para dar um salto de qualidade e sair do marasmo. "Quero ser candidato, estou animado e vou trabalhar para isso", afirmou enfático. Ele salientou que não quer ser presidente para manter as coisas como estão. "Quero ser presidente para fazer as reformas que o Brasil não fez", alfinetou o governador sobre as reformas prometidas pelo atual governo. Ele aproveitou para defender o governo Fernando Henrique Cardoso, que para ele não teve situação tão favorável. "Primeiro ele estabilizou a moeda e depois enfrentou quatro crises internacionais", lembrou.

O governador frisou que falta credibilidade ao atual governo, o que faz com que a atual gestão acabe pagando juros muito maiores do que seriam necessários em condições normais. "A política econômica está errada", salientou. "Há um custo PT: sempre a dose tem que ser maior para ter resultado menor porque não tem credibilidade", atacou. Ele salientou que as reformas – destacando a reforma tributária, o corte dos gastos públicos e a reforma da Previdência – são a única maneira de o País voltar a ganhar confiança e sair do círculo vicioso de juros altos, alta carga tributária, além dos problemas na área fiscal e de câmbio. E aproveitou para sapecar: "Se eu pudesse definir o governo Lula, eu diria que é um governo da perda de oportunidades".

Ele evitou entrar em confronto com o outro pré-candidato paulista, o prefeito José Serra, ao responder se aceitaria disputar uma prévia do PSDB. "Ninguém deve ser excluído por W.O". E procurou enaltecer o bom relacionamento com o prefeito paulistano: "Nós já fizemos umas 30 parcerias aqui em São Paulo, então há um excelente relacionamento", revelou. "Eu entendo que é natural que alguém que foi candidato e que está bem nas pesquisas mantenha o seu nome em evidência."

Ele disse que tem experiências acumuladas para justificar a própria candidatura à presidência, diante de uma pergunta sobre a necessidade de o candidato ter "algo a mais" além do perfil gerencial. "Você não vai pilotar um Airbus sem antes ter passado pelo monomotor, por um bimotor", comparou com a carreira iniciada aos 23 anos como prefeito de Pindamonhangaba. Ele lembrou ainda a importância de ter exercido o cargo de governador do Estado mais importante da Federação, depois de ter sido vice durante seis anos. "E eu fui co-piloto de um grande comandante, o governador Mário Covas. E São Paulo é um "país" maior que a Argentina."

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