Alckmin combate Serra pelo Planalto

O candidato à sucessão do presidente Lula pelo PSDB será escolhido apenas entre fevereiro e março, mas em São Paulo, ninho tucano, a disputa entre os dois principais postulantes está acirrada. A competição entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra já aparece disfarçada na propaganda dos governos. Blindados contra as críticas da oposição, os dois fazem a competição sobre o tabuleiro partidário, mas começam a disputar as mesmas vitrines eleitorais, admitem alguns de seus articuladores.

Calcanhar-de-aquiles de Alckmin, a segurança entrou na propaganda do governo semana passada de forma "preventiva", explicam seus apoiadores. Embora alardeiem melhoras, como a queda de homicídios e a desativação de carceragens em situação irregular, os tucanos avaliam que a segurança será cobrada na campanha em 2006, já que os seqüestros aumentaram e o debate do desarmamento amplificou o item na cesta-básica política para o ano que vem.

Coincidência ou estratégia eleitoral, o fato é que o prefeito também passou a investir no item segurança, embora a atribuição seja mais do estado. Serra tem feito barulho e ganhado apoios com a lei seca que acaba de lançar na periferia. A Prefeitura fez mais de 11 mil vistorias para evitar que os bares vendam álcool após as 22h a moradores dos bairros pobres.

Acima das futricas tucanas, governador e prefeito têm aparecido juntos em público. Mas trabalhar juntos, com correspondência direta entre os dois governos, como ambos prometeram na campanha de 2004, não conseguem. Pelo menos é o que diz a oposição: "Essa união é puro marketing. Serra não fala de 2006 porque prometeu ficar no mandato até o fim, mas tem feito de tudo para se viabilizar", diz o vereador Paulo Fiorillo, presidente do PT em São Paulo.

Mas, na lógica tucana, mesmo os que admitem a disputa entre governador e prefeito consideram que o desempenho de cada um vai compor em São Paulo um bom quadro de gestão para o País. É o que argumenta, por exemplo, o deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP). "Cada um está fazendo o máximo no seu campo para se cacifar. Como são ações para se credenciar, o saldo é positivo", afirma Goldman.

O secretário da Casa Civil de Alckmin, Arnaldo Madeira, discorda de que Serra e Alckmin estejam desagregados, mas acha óbvio que os dois grupos comecem a se digladiar até que o acordo político do tucanato se efetive, por volta de março.

"As pesquisas, que sorriem para Alckmin, gargalham para Serra, que não se coloca como candidato para ninguém, está em silêncio. Creio que os dois precisam um do outro, e faltam elementos neste jogo, que é muito complexo", afirma o secretário de Subprefeituras de Serra, Walter Feldman.

Para José Aníbal, líder de Serra na Câmara dos Vereadores, a crise do PT precipitou a discussão interna do PSDB. "O nosso partido terá que construir uma equação para o próximo governo. Menos juros, mais crescimento econômico real, redução da máquina que o PT criou. No momento, temos dois personagens percebidos como bons gestores."

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