“Agora zera tudo”, diz Jucá após votação da CPMF

"Agora zera tudo". A afirmação é do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ao destacar que, após a vitória do Planalto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o desafio passa a ser a votação no plenário da emenda constitucional que prorroga a cobrança da CPMF. É preciso ter 49 votos para aprovar a renovação do tributo e o governo chega ao plenário com algumas defecções em sua própria base. Depois de substituído ontem na CCJ, o senador peemedebista Pedro Simon (RS) anunciou que votará contra o governo. Assim, sobe para três os senadores do PMDB que devem ficar contra a CPMF: Mão Santa (PI) e Jarbas Vasconcelos (PE), além de Simon.

Depois da aprovação na CCJ da emenda constitucional que prorroga a CPMF até 2011, Jucá avaliou que venceu no primeiro teste. "Viabilizamos a possibilidade de ganhar", afirmou. Mesmo assim, não disfarçava a apreensão. A preocupação do governo com a votação em plenário tem razões óbvias. O placar é apertado. Sem dissidências, os partidos aliados somam 53 votos. Tirando os três peemedebistas, o governo fica com 50. O líder sabe que o governo terá de fazer novas concessões, mas prefere confiar na máxima bíblica aplicada ao mundo dos políticos: "a cada dia uma agonia". Para ele, vencida a primeira etapa com a aprovação por 12 a 9 na CCJ, o governo recomeça agora as negociações para consolidar o apoio na base e ainda conquistar votos na oposição.

O PSDB e o DEM, por sua vez, estão otimistas. Além dos três peemedebistas, esperam o voto de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) que foi substituído pela líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC) na CCJ e já anunciou da tribuna que votará contra a prorrogação da CPMF no plenário. E o senador Expedito Júnior (PR-RO) também está sendo assediado pela oposição. O líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), acredita que ele votará com o governo, já que seu Estado está recebendo R$ 470 milhões de recursos do PAC para setores básicos. O ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, do PR, está encarregado de convencer Expedito. Ontem, durante a reunião da CCJ, ele circulou na comissão, sempre ao lado de senadores do PSDB e do DE.

Sem Mozarildo e Expedito, a situação do governo se complica. Se todos os senadores do PSDB e do DEM fecharem contra a CPMF, são 27 votos. Esse número vai para 32 com os dissidentes da base. Ou seja, o governo entra para uma votação que exige 49 votos com exatos 49 votos. Isso se não confirmar outras adesões. As especulações incluem os senadores Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e César Borges (PR-BA).

Diante desse cenário, o governo terá de trabalhar bastante até a votação do plenário. Agora na condição de novo relator da matéria, Romero Jucá vai tentar agilizar a votação da emenda. Ele não terá muito mais a oferecer para conseguir a coesão da base. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo chegou ao limite nas negociações com os aliados sobre a redução da alíquota da CPMF. O senador Valter Pereira (PMDB-MS) disse ontem que se o ministro não enviar até 30 deste mês a reforma tributária para reabrir a discussão da CPMF ele também votará contra o governo. E o PDT não se mostra satisfeito com a negociação, tanto que ontem o senador Jefferson Peres (PDT-AM) preferiu se abster na CCJ.

Voltar ao topo