Brasil processa dekassegui por crime cometido no Japão

O Fórum do Jabaquara parou ontem para ver. O Japão também parou para ver, por meio de 14 veículos da imprensa nipônica, representados por cerca de 40 pessoas. Milton Noboru Higaki, de 31 anos, foi interrogado no processo criminal a que responde por ter atropelado uma moça em 1999, na cidade japonesa de Hamamatsu. Disse que, assustado, ?com medo do preconceito? por ser brasileiro, deixou o local e omitiu socorro à vítima, que morreu. Dias depois, fugiu para o Brasil, de onde não poderia ser extraditado

É o primeiro caso de dekassegui processado fora do Japão por um crime cometido lá – por isso, aliás, o caso demorou tanto para chegar ao Judiciário. A investigação da polícia japonesa precisou ser traduzida para o português e juntada no inquérito policial brasileiro, aberto em 2000.

Na denúncia, oferecida pelo promotor Márcio Luis Sarrubbo em janeiro, o ex-dekassegui é acusado de homicídio culposo, agravado pela omissão de socorro. Se condenado, a pena vai variar de 2 anos e 8 meses a 6 anos, segundo Sarrubbo. Até o limite de 4 anos, a prisão pode ser transformada em pena alternativa.

O tema mobiliza a imprensa nipônica porque há muitos casos semelhantes, de brasileiros que fogem após fazer algo errado, explicou a advogada Tatiana Tsutsui, que morou dois anos por lá. ?E há preconceito mesmo, porque muitos dão motivo.

Higaki disse que a moça surgiu na frente do carro dele quando mudava da faixa da direita para a esquerda, para fazer uma ultrapassagem. Mas o promotor lembrou que no Japão o trânsito têm mão inglesa: ultrapassa-se pela direita.

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