BIS: Emergente pode cair na armadilha de desenvolvido

Os países emergentes correm o risco de cair na mesma armadilha dos desenvolvidos, alerta o Banco para Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), em seu 81º Relatório Anual, divulgado hoje. Segundo a entidade, nações que experimentam aumentos elevados nos preços dos imóveis e no consumo podem acabar construindo os desequilíbrios que hoje contaminam as economias avançadas.

Os emergentes escaparam do pior na última crise. “Se eles puderem prestar atenção naquela que foi talvez a lição mais importante, de que a prevenção é melhor do que a cura, podem evitar sofrer sua própria versão da crise”, diz o BIS.

A entidade faz uma comparação direta entre os principais países em desenvolvimento e a periferia da Europa, que hoje enfrenta forte turbulência relacionada à elevação do endividamento público, após a explosão da bolha. “Muitos emergentes estão experimentando crescimento rápido, disparada no mercado imobiliário e aceleração no endividamento do setor privado”, compara o BIS, referindo-se à situação também vivida nos países avançados antes da crise financeira global de 2008.

O crescimento do crédito registrado por Brasil, China e Índia, de mais de 20% ao ano em média entre 2006 e 2010, se iguala ou supera os índices registrados na Irlanda e Espanha entre 2002 e 2006.

A dívida pública em relação ao PIB também é maior nos emergentes do que era nos desenvolvidos. Os índices de Brasil (66,1%) e Índia (72,2%) em 2010 superavam os da Irlanda (24,8%), Espanha (39,6%), Reino Unido (43,1%) e Estados Unidos (61,1%) em 2006. Só a China tem relação melhor, de 17,7%.

Em contrapartida, o índice de crédito em relação ao PIB é maior na potência asiática, de 132%, bem acima do Brasil (53,4%) e da Índia (53,5%). Nesse caso, os desenvolvidos ficaram muito além dos emergentes nos anos de boom. Em 2006, o crédito representava 181,4% do PIB da Irlanda, 167,2% da Espanha, 170,8% do Reino Unido e 58,9% dos Estados Unidos.

“Em alguns casos, os preços dos imóveis estão subindo a taxas que lembram as praticadas em algumas economias avançadas durante o boom imobiliário pré-crise, e o nível de dívida do setor privado está disparando”, alerta o BIS. A entidade reconhece que os indicadores emergentes partem de níveis baixos, mas lembra que isso também aconteceu em algumas economias avançadas, como Irlanda e Espanha, no começo dos anos 2000.

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