BC reverte expectativa inicial de déficit em conta corrente no ano

Brasília – O saldo de US$ 196 milhões, obtido em transações correntes no mês de fevereiro, elevou o superávit do bimestre para US$ 865 milhões, em razão, principalmente, do comportamento consistente da balança comercial. Posição que levou o Banco Central a reverter a expectativa de déficit anual de US$ 3,9 bilhões, no início de janeiro, para superávit em torno de US$ 200 milhões.

Foi o que revelou hoje o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ao apresentar o relatório mensal sobre Setor Externo, referente a fevereiro. Ele ressaltou que, ao contrário do ano passado, quando as contas correntes tiveram déficit de US$ 263 milhões no bimestre janeiro-fevereiro, “o panorama, este ano, está bem mais favorável. Em especial por causa do bom momento da balança comercial e da retomada dos níveis de atividade na economia”.

Tanto, que o economista do BC trabalha com a expectativa de um saldo próximo a US$ 300 milhões neste mês de março. Otimismo que ele transfere também para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no país, que em fevereiro somaram US$ 1,024 bilhão, elevando o acumulado de 2004 para US$ 2,016 bilhões. Altamir adiantou que até ontem foram contabilizados US$ 650 milhões desses investimentos, e sua previsão é de encerrar o mês com US$ 900 milhões, mantendo a projeção de US$ 13 bilhões até o final do ano.

O resultado global do balanço de pagamentos, no entanto, registrou déficit de US$ 306 milhões no mês passado, devido, em grande parte, ao pagamento de US$ 329 milhões em juros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Apesar disso, ele lembrou que o resultado do bimestre é superavitário em US$ 3,896 bilhões.

Altamir Lopes destacou, ainda, que as reservas internacionais brasileiras “estão em um nível confortável”, com saldo de US$ 52,960 bilhões, e disse que a dívida externa consolidada até dezembro totalizou US$ 214,898 bilhões, com redução de US$ 4,826 bilhões na comparação com a dívida consolidada no terceiro trimestre (setembro) de 2003.

Do total da dívida externa, 90,6% (US$ 194,736 bilhões) se referem a dívidas de médio e longo prazos, enquanto os outros 9,4% (US$ 20,163 bilhões) são compromissos de curto prazo. Vale salientar, contudo, que na comparação com dezembro de 2002, o endividamento futuro cresceu US$ 7,420 bilhões, ao passo que os compromissos imediatos encolheram US$ 3,232 bilhões, em razão do processo de alongamento da dívida.

O setor público não-financeiro responde por US$ 119,785 (55,7%) da dívida, enquanto as instituições financeiras oficiais contabilizam US$ 74,950 bilhões e a dívida privada soma US$ 20,152 bilhões.

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