Adir Moss, uma História Viva (III)

Executando a sua idéia, Adir Moss adquiriu então uma camioneta Pick Up Ford F-100, aproveitando no seu projeto apenas o chassi e as rodas da mesma, tendo vendido a lataria ao ferro velho Barranco, de Francisco Barranco, de Curitiba.

Retirou o motor Ford V8 da camioneta e no seu lugar colocou um V8 do automóvel Mercury, que na época era cotado como bom para a finalidade desejada. Nesse meio de tempo ocorreu o trágico acidente envolvendo a carreteira de Germano Schögl na Rua Marechal Floriano Peixoto, em Curitiba, que ceifou a vida deste jovem piloto, bi campeão das corridas de estrada entre esta capital e a cidade de Ponta Grossa, na categoria Turismo.

Da destroçada carreteira de Germano, Adir aproveitou o equipamento Edelbrock que havia trazido dos Estados Unidos, lançando mão de uma caixa de câmbio de quatro marchas do Corvette e de um diferencial de Chevrolet também. Os feixes de molas traseiros foram colocados por baixo do eixo, a fim de deixar a carreteira mais rebaixada.

O capô do motor e os mini-para-lamas foram construídos em alumínio, enquanto o sistema elétrico contava com gerador de energia moderno e distribuidor eletrônico. A carroçaria do Ford 1938 original foi trabalhada por latoeiro experiente e Adir não se esqueceu de instalar a barra protetora “Santo Antonio”, dispositivo de segurança que as antigas carreteiras não possuíam.

O preparo do motor foi confiado ao engenheiro curitibano Alberto Manoel Glaser, especialista já com larga “quilometragem” no ramo. “O motor, que nunca fundiu em corrida alguma – diz Adir – ficou de tal forma que somente numa viagem entre Curitiba e Porto Alegre quebrei dois diferenciais.”

Pintada na cor branca e com o número 19 nas portas, a carreteira de Adir teve sua grande estreia numa Mil Milhas Brasileiras, na década de 1960, na pista do Autódromo de Interlagos, em São Paulo/SP.

“Na época – relata Adir – já existia a rodovia BR-116 pela qual foi rodando a partir de Curitiba, já amaciando o motor do carro, de quatro a cinco dias antes da prova. Lá estavam Antonio Tergulina, que pilotaria a minha carreteira também, Alberto Manoel Glaser e o meu amigo curitibano Caio Leal.” Na tomada de tempo Adir colocou-se em sexto lugar entre os carros mais velozes, vindo atrás dele outro piloto curitibano famoso, Altair Barranco.

O gaúcho Catarino Andreatta e o paulista Camilo Christófaro estavam entre os primeiros, presente ainda outro paranaense – Angelo Cunha – da cidade de Laranjeiras do Sul, ou seja, como sempre, só tinha “cobra” no negócio.

A largada, à meia-noite, foi no estilo Le Mans, reunindo cerca de quarenta carros, entre os quais as carreteiras mais famosas do país. E não é que Adir, face à sua perícia no volante e ao acerto do carro, cometeu a façanha de dar a primeira volta, percorrer os oito quilometros da pista (aquela reta oposta em descida que não existe mais hoje) e passar em primeiro lugar na frente dos boxes, deixando paulistas, gaúchos e catarinenses para trás! A sequência dessa corrida veremos na próxima edição. No flagrante, a carreteira 19 numa das curvas de Interlagos.

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