Auditores flagram 27 trabalhadores em regime de escravidão em Cerro Azul

Ontem, Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, uma equipe de auditores da Superintendência Regional do Trabalho de Curitiba e membros do Ministério Público do Trabalho (MPT-PR) flagraram 27 trabalhadores em situação análoga à escravidão. O caso foi constatado no município de Cerro Azul, a 92 quilômetros de Curitiba. De acordo com o MPT, os trabalhadores estavam sendo transportados em uma carreta carregada com caixas de frutas. Entre os trabalhadores, três eram adolescentes, com idades entre 13 e 15 anos.

Segundo o procurador Luercy Lino Lopes, o flagrante aconteceu quando as equipes se dirigiam para averiguar uma denúncia similar na região. ?Nos deparamos com um trator que puxava a carreta com as frutas e as 27 pessoas?, afirmou o procurador, que também confirmou que nenhum dos trabalhadores abordados possuía registro profissional.

Durante a abordagem, segundo Luercy, foi constatada uma série de situações que implicam no descumprimento dos direitos a que os trabalhadores deveriam dispor. ?As pessoas trabalhavam em colheitas de tangerina em condições precárias, sem acesso a água potável, e instalações sanitárias. Eles faziam suas necessidades fisiológicas aonde dava?, concluiu o procurador.

De acordo com Luercy, durante o trabalho, as pessoas não utilizavam equipamentos adequados de proteção, o que também poderia colocar em risco a integridade física dos trabalhadores. Além disso, não havia refeitório. ?Eles se alimentavam em meio à plantação, sem condições mínimas de higiene?, afirma.

Segundo o MPT, o responsável pelo registro empregatício dos trabalhadores seria Eusmar Pereira, proprietário da fazenda onde os empregados foram abordados. Eusmar, que também seria dono de uma empresa de comércio agrícola em Cerro Azul, deve ser intimado a pagar todos os direitos devidos aos empregados. ?Vamos expor uma solução extra judicial ao empregador. Se não obtivermos uma resposta positiva, levaremos a questão para os órgãos competentes?, afirmou. Entretanto, Luercy não afastou a possibilidade de Eusmar ser alvo de uma ação por danos morais.

Durante todo o dia de ontem, o procurador e os auditores colheram depoimentos dos trabalhadores. Até o começo da noite de ontem, a reportagem de O Estado não conseguiu contato com o empresário Eusmar Pereira para expor sua posição quanto ao caso.

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