Apetite tributário

Enquanto a economia brasileira cresceu 0,8% no primeiro trimestre desse ano em comparação com os últimos três meses de 2006, segundo o IBGE, a carga tributária atingiu o percentual de 37% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme cálculos atualizados pelo ?impostômetro? do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

A estimativa da instituição, que se não estiver rigorosamente exata haverá de arcar com uma margem de erro microscópica em relação ao montante real da derrama operada pela hidra de sete cabeças da arrecadação pública, mostra que as três esferas de governo tiraram da renda dos brasileiros, em apenas 90 dias, a cifra descomunal de R$ 222,39 bilhões!

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, substituto do mago Antônio Palocci e, literalmente, um homem que anda sobre o fio da navalha (sem outras conotações senão as advindas do seu espinhoso cargo), não há motivos para decepção, muito embora a meta do crescimento do PIB entre 4% e 4,5%, em 2007, passe a sofrer com as incertezas que começam a aparecer.

Mantega afirmou que os números podem sofrer oscilações ao longo do ano, mas o importante mesmo é estar de olho no resultado final. O argumento do ministro, além de ser duma obviedade ampla e irrestrita, não deixa de dar espaço às inquietações que rondaram a economia brasileira nos últimos anos, quando os níveis de expansão permaneceram aquém da média de crescimento de alguns países da América Latina.

O patamar foi ainda mais sofrível se comparado à média do crescimento mundial, panorama que registrou notável desenvoltura dos países de economia emergente como China, Índia, México, Chile e África do Sul, entre outros.

Todavia, não se identificou a menor lamentação sobre o apetite da máquina arrecadadora e, tampouco, sobre a versatilidade com que os hierofantes da fiscalização deslizam sobre o emaranhado das siglas que transformaram o sistema tributário brasileiro num símile da bastilha.

Não há recursos para educação, saúde, segurança, saneamento e habitação popular – para ficar na superfície da problemática social -, mesmo com o governo arrecadando cada vez mais.

Voltar ao topo