Alberto Dines: novo Conselho de Comunicação Social é um ”desastre”

Dois anos e meio depois de assumir uma das vagas para a sociedade civil no Conselho de Comunicação Social (CCS), o jornalista Alberto Dines faz um balanço das atividades do órgão e das perspectivas para o próximo mandato. A atual composição do CCS foi fruto da primeira eleição para o órgão, já que, apesar de previsto pela Constituição de 1988, ele só passou a funcionar em 2002.

Para Dines, o conselho fez o que "podia" para uma instituição até então inexistente, criada em um formato "engessado e limitado". "O assunto concentração da mídia foi colocado como tema permanente, gerou até um documento impresso, editado pela gráfica do Senado", conta Dines.

Na opinião do fundador do Observatório de Imprensa (site da Internet e programa da Rede Pública de TV), entre os desafios para os próximos anos está a própria composição do Conselho, em especial a representação da sociedade civil. Todos os cinco membros titulares são novos no grupo. Internamente, eles vão escolher o presidente do CCS, substituto do advogado José Paulo Cavalcanti Filho.

"Essa nova organização que irá tomar posse em 2005 me preocupa, frustra e indigna muito. É um desastre. Foi eleito até um religioso. A sociedade é composta por múltiplas religiões. Além disso, há uma separação entre Igreja e Estado", ressalta Dines. "Foi uma composição política das mesas e manipulação dos lobbies. Tudo indica, inclusive, que um representante de TV, agora na representação da sociedade civil, será o novo presidente do Conselho."

Para Dines, o grande mérito do atual presidente do Conselho é o fato de ele ser jurista, especialista em direito da comunicação e em condições de se manter "isento" por não participar do mercado. Diferentemente de outros seis colegas titulares do CCS, Alberto Dines não se candidatou à renovação do mandato. "Aceitei participar dessa primeira fase porque, desde o início dos anos 90, estou batalhando para que se crie o Conselho", justifica. "Achei importante participar da criação. Mas meu papel é ser crítico."

Entre os novos titulares do Conselho na representação da sociedade civil estão o arcebispo de Belém, Dom Orani João Tempesta, o jornalista e professor Arnaldo Niskier, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção São Paulo, Luiz Flávio Borges D’Urso, o diretor da Rede Record e presidente da Associação Brasileira de Radiodifusão e Telecomunicações (Abratel), Roberto Wagner Monteiro, e o presidente da Rede Vida, João Monteiro de Barros Filho.

Dos novos membros da representação da sociedade civil no Conselho, apenas um ? o presidente da Abratel – já participava do órgão, mas como representante das empresas de televisão. No primeiro mandato do CCS, os representantes da sociedade civil eram o advogado José Paulo Cavalcanti Filho, os jornalistas Carlos Chagas, Alberto Dines e Jayme Sirotky, e o psicólogo Ricardo Moretzsohn.

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