Agora, o risco é de novo deslizamento na BR 116

Um dia depois do acidente que causou cinco mortes e paralisou durante mais de 10 horas o tráfego entre São Paulo e Curitiba, a rodovia Régis Biencourt (BR-116) voltou a apresentar riscos hoje para os motoristas. A mesma encosta onde, na semana passada, ocorreu um deslizamento, causando a interdição parcial da pista, voltou a ceder. A terra molhada não chegou a atingir a estrada, mas, segundo alerta da Polícia Rodoviária Federal, pode ocorrer novo deslizamento se continuar chovendo. O ponto crítico fica no quilômetro 256, em Miracatu, a cerca de 500 metros do local onde ocorreu o acidente.

Na madrugada de segunda-feira, um caminhão tanque com gás de cozinha invadiu a pista contrária e bateu em outros dois caminhões. O tanque tombou e pegou fogo. Na sequência, outros quatro veículos envolveram-se no acidente. Quatro pessoas morreram no local. Outra vítima chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu. Três pessoas continuam internadas no Hospital Regional de Pariquera-Açu, uma delas em estado muito grave. Às 11h30 de hoje, a rodovia voltou a ser interditada para a remoção dos escombros do caminhão-tanque. Segundo a Polícia Rodoviária, foi necessário esperar que todo o gás líquido que havia no tanque evaporasse, pois havia risco de explosão. A operação durou 50 minutos.

A fila de veículos parados atingiu cerca de 3 quilômetros em cada sentido. À tarde, o tráfego era intenso na rodovia. O local onde há risco de deslizamento foi sinalizado. Técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) inspecionaram a área para realizar serviços emergenciais de contenção. Até a tarde, os trabalhos não tinham sido iniciados.

De acordo com a polícia, a BR 116 justifica a fama de ser uma rodovia perigosa. Segundo um policial que pediu para ter o nome preservado, quem puder evitar a rodovia deve fazê-lo. "O motorista que se arrisca tem de ser o anjo da guarda dele mesmo."

Os 33 quilômetros da Serra do Cafezal, entre Juquitiba e Miracatu, formam o trecho mais crítico, pois têm pista única e de traçado sinuoso. Também falta sinalização. Na parte já duplicada, a partir de Miracatu, o mato cobre o canteiro central e avança nos acostamentos. Há buracos no asfalto no trecho próximo de Juquiá. Como o sistema de drenagem esta entupido, a água da chuva acumula sobre a pista. No km 368, em Jacupirana, uma das pistas está interditada há cinco anos, no sentido Curitiba – São Paulo, por causa da queda de uma barreira. O desvio existente é mal sinalizado e os acidentes são frequentes.

O comércio ilegal de combustível na margem da rodovia aumenta os riscos para quem trafega pela Régis Bitencourt (BR-116). Segundo o delegado de Polícia de Cajati, Gilberto Martins Domingues, as barracas da beira da estrada que vendem bananas e produtos regionais estão servindo de fachada para esse comércio.

Na semana passada, numa ação conjunta com a Polícia Militar, o delegado flagrou duas barracas vendendo gasolina e óleo diesel. Os dois pontos de venda ficavam a 100 metros um do outro, no quilômetro 518 da rodovia, em Cajati. Na frente, as barracas expunham cachos de banana. Em depósitos improvisados, nos fundos, estavam armazenados 3.800 litros de combustível em galões de 20 e 30 litros. Os policiais apreenderam uma bomba reversível, que servia tanto para abastecimento como para retirar combustível dos tanques dos veículos. A bomba estava programada para registrar volume menor do que o real.

Um dos donos do depósito, Adilson Bertoldo, foi preso e responderá a processo por crime contra a ordem econômica. Segundo o delegado, o comércio clandestino é alimentado por motoristas que enganam os patrões e vendem a preços baixos parte do combustível usado nos caminhões. O produto é revendido para outros motoristas, a preços menores do que os praticados pelos postos. Segundo o delegado, também há casos em que o óleo diesel é roubado quando os veículos estão estacionados em restaurantes e pontos de parada.

Também são comuns os acidentes em que, além da carga dos caminhões, o combustível também é saqueado. De acordo com o delegado, muitos barraqueiros trabalham corretamente e de acordo com as normas de segurança. Ele pretende fazer, juntamente com a Polícia Militar, o cadastramento desse tipo de comércio no trecho em que a rodovia corta o município. A Polícia Rodoviária Federal confirmou a existência de comércio ilegal de combustível nas margens da BR-116. Além do risco ambiental, pois o produto pode vazar ou pegar fogo, a parada irregular de caminhões para abastecer contraria todas as normas de segurança no trânsito.

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