1,14 milhão de crianças de 10 a 14 anos trabalhavam em 2000

Um total de 1,14 milhão de crianças de 10 a 14 anos trabalhavam no País, de acordo com novo cruzamento de dados do Censo 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número corresponde a 6,6% da população nesta faixa etária.

As áreas rurais registraram a maior participação da população infantil no trabalho. A cada cem crianças vivendo no campo, 15 exerciam alguma atividade. Nas cidades, 4,2% dessa faixa de idade trabalhava. Dados do IBGE de setembro deste ano mostraram que, apenas nas seis principais regiões metropolitanas do País – São Paulo, Rio, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre -, o número de crianças trabalhando chegava em 132 mil ?um salto de 50% em relação a janeiro de 2003 e de 76% em um ano.

Trabalho infantil atingiu mais os meninos

Os novos dados do Censo 2000 indicam que o trabalho infantil atingiu mais os meninos em 2000, que formaram um contingente de 771 mil trabalhadores em todo o País. A parcela feminina correspondeu a 370 mil. Segundo o IBGE, 48,4% dessas crianças não recebiam remuneração alguma. A explicação deve-se ao fato de grande parte do trabalho infantil ocorrer nas áreas rurais, na agricultura familiar.

Esse grupo de trabalhadores correspondeu a 1,74% do total de pessoas ocupadas no Brasil em 2002, sendo que nas áreas rurais, representou 4,8%. Nas cidades, o percentual era de 1,1%. O trabalho exercido por menores de 14 anos é ilegal no País. Para os que têm de 14 a 16 anos, o trabalho é permitido desde que seja como aprendiz e que o jovem esteja estudando.

Proximidade entre labor rural e urbano

O número de crianças de 10 a 14 anos trabalhando nas cidades em 2000 ficou muito próximo ao total de crianças dessa faixa etária trabalhando nas áreas rurais do País, apenas 3% inferior. Eram 580 mil trabalhando no campo para 563 mil nas áreas urbanas, segundo o Censo 2000. Para a secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Maria de Oliveira, dados da pesquisa revelam que está ocorrendo uma ?migração? do trabalho infantil do campo para a cidade.

?Há uma redistribuição espacial do trabalho infantil?, afirmou. Além da redução da atividade no campo devido ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, a estrutura do trabalho no campo está sofrendo modificações, com a redução dos postos de trabalho. ?Embora haja a concentração na faixa de 10 a 14 anos na atividade agrícola, houve uma redução.Tem que se refletir num programa do governo redesenhado para erradicar o trabalho infantil considerando esta realidade, de que vai aumentar o trabalho infantil nas cidades?, disse.

IBGE aponta aumento no número de famílias

O número de famílias no Brasil aumentou 29% de 1991 a 2000, passando de 37,5 milhões para 48,2 milhões. No período, o destaque foi o crescimento de 32,5% das famílias unipessoais, ou seja, de pessoas que vivem sozinhas. O aumento foi de 6,5% ou 2,4 milhões do total de famílias em 1991, para 8,6% ou 4,1 milhões em 2000. Os dados também estão na publicação sobre Famílias e Domicílios, divulgada ontem, pelo IBGE.

O crescimento das famílias constituídas por apenas uma pessoa, segundo o IBGE, ?é resultado de um conjunto de fatores como o aumento da expectativa de vida, principalmente das mulheres, maior número de separações conjugais e avanço no processo de urbanização, que proporciona alternativas mais propícias a este tipo de arranjo familiar?. O levantamento mostra, ainda, que grande parte das famílias unipessoais em 2000 era composta por mulheres.

Do total de famílias que tinham mulheres como responsáveis, 15,5% eram unipessoais, contra 5,7% unipessoais sob responsabilidade masculina. A pesquisa aponta que as famílias compostas por apenas uma pessoa possuem melhor condição econômica do que as demais. Em 2000, apenas 2,4% das famílias unipessoais viviam com até meio salário mínimo per capita, contra uma média de 21,9% do conjunto de famílias que contava com esse rendimento.

Diminui união de pessoas de mesma cor

Segundo o Censo 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a análise da cor dos responsáveis pela família e seus respectivos cônjuges mostrou que nos últimos dez anos houve redução das uniões entre pessoas da mesma cor. Em 2000, 79% dos responsáveis de cor branca tinham cônjuges também de cor branca, contra 84% em 1991.

Os pardos apresentaram comportamento semelhante: em 2000, 63,8% dos responsáveis pardos eram casados com cônjuges da mesma cor e, em 1991, o percentual era de 71,1%. Já entre os responsáveis de cor preta, o último Censo revelou que 40,6% tinham cônjuges da mesma cor, enquanto em 1991, o percentual era de 48,8%.

Domicílios inóspitos ultrapassam 50%

Mais da metade dos domicílios brasileiros foram considerados inadequados para moradia pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2000. Segundo dados, 53,6% das moradias no País não tinham rede geral de abastecimento de água, rede de esgoto ou fossa séptica, coleta de lixo e até dois moradores por dormitório.

A pesquisa revela que naquele ano havia 19.659.497 moradias adequadas, o que representava 43,9% do total de domicílios existentes no País. Esse índice, apesar de insatisfatório, é melhor do que o verificado em 1991, quando apenas 32,8% das residências eram consideradas adequadas, ou seja, tinham acesso aos serviços de infra-estrutura básicos.

Taxa de fecundidade cai em 62,1%

A taxa de fecundidade das brasileiras passou de 6,28 filhos por mulher, em 1960, para 2,38 no ano 2000, o que representa uma queda de 62,1%, de acordo com a pesquisa do IBGE . A redução, segundo o instituto, se deu devido à diminuição acentuada da fecundidade no Sudeste, já registrada em 1970, como reflexo de ser a região mais urbanizada do País – o que proporciona maior acesso aos meios contraceptivos e o que permite a inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho – e ao aumento da esterilização feminina, sobretudo na década de 80, que passou a exercer um papel importante na limitação do número de filhos.

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